Ajuda humanitária: o que é e como pedir

Antes de tudo, precisamos entender a importância das ações de ajuda humanitária.

Para termos essa dimensão, recordamos um desastre que abalou todo o mundo: Na manhã do dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de 7 graus na escala Richter atingiu o Haiti causando a maior destruição já vista no país por uma catástrofe natural.

De acordo com a National Geographic, em um curto intervalo de 35 segundos, mais de 100 mil prédios foram destruídos: residências, órgãos do governo, o palácio presidencial, escolas e hospitais foram derrubados ou comprometidos pelos tremores.

Como resultado a triste marca de mais de 300 mil pessoas que perderam suas vidas; outras centenas de milhares feridas e, aproximadamente, 1,5 milhão de pessoas desabrigadas.

Desse modo, também estava entre as vítimas a médica Zilda Arns Neumann, 73 anos de idade, coordenadora internacional da Pastoral da Criança, médica pediatra e sanitarista.

Como resposta houve uma grande mobilização internacional com ações que incluíram o Brasil, as Nações Unidas, a Unicef e agentes privados. Essa ação imediata chama-se ajuda humanitária.

Mas, qual o seu valor? Pode-se mensurar o preço de uma vida? Então, vamos entender como a ajuda funciona e como consegui-la.

Significado de ajuda humanitária

"Bem mais que os pássaros valeis vós." (Mt.10,31)

Assim, não se pode medir o valor da vida humana. Sua importância é defendida pelo evangelho, e toda ajuda humanitária se torna, também, reflexo da bondade divina colocada no coração do ser humano desde sua criação.

Ou seja, como o próprio nome sugere, ajuda humanitária é um conjunto de ações para socorrer grupos que são acometidos por desastres naturais, guerras, conflitos, crises econômicas e outras situações que ameaçam os direitos fundamentais à vida e à liberdade.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo vive hoje a maior crise humanitária desde 1945, quando foi criada a organização. Isto por causa dos inúmeros conflitos violentos, que têm levado a uma crise de fome que atinge cerca de 20 milhões de pessoas em quatro países: Sudão do Sul, Somália, Iêmen e o nordeste da Nigéria.

Além disso, a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) declarou que o número de pessoas forçadas a fugir de conflitos, violência, violações de direitos humanos e perseguições ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 100 milhões, impulsionado pela guerra na Ucrânia e outros conflitos violentos.

Logo, é sempre urgente e imediata a ajuda humanitária. Nesse sentido ela leva socorro material e profissional às famílias, em qualquer lugar do mundo. Um exemplo conhecido são os Médicos Sem Fronteiras que levam tanto ajuda médica, como medicamentos e campanhas sanitárias para as populações em situação emergencial.

Desafios da ajuda humanitária

Há um grande número de pessoas que oferecem seu trabalho ou seus recursos para contribuir com ações humanitárias. Porém, são diversos e duros os desafios enfrentados pelos agentes voluntários e os recursos financeiros nunca são suficientes.

Entre tantos obstáculos da ajuda humanitária, está a dificuldade para chegar às regiões necessitadas tanto pela distância, como pelos embargos impostos pelos grupos de conflitos dentro dos países em guerra. Apesar de existirem leis de proteção,  na maioria das vezes, os agentes das guerras não as respeitam, prejudicando assim os civis.

Outro desafio é a falta de segurança aos trabalhadores humanitários. A maioria dos lugares são precários, inseguros e conflituosos.  Logo, os agentes humanitários enfrentam perigos constantes. Ainda assim, há um grande número de pessoas que oferecem suas vidas para colaborar com a ajuda humanitária.

Por isso, no dia 19 de agosto é comemorado o Dia Mundial da Assistência Humanitária, criado após o ataque à sede da ONU em Bagdá em 2003, quando 22 funcionários foram mortos, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, enviado da ONU. Então, criou-se especialmente essa comemoração para lembrar todas as vítimas que atuavam em projetos de ajuda humanitária.

Órgãos oficiais de ações humanitárias

Há várias organizações governamentais, não governamentais e setores privados que apoiam as causas humanitárias. 

O órgão responsável junto às Nações Unidas é a OCHA - em português: Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

A missão desse órgão é mobilizar e coordenar a ação humanitária eficaz e com princípios para aliviar o sofrimento humano em desastres e emergências. Bem como advogar pelo direito das pessoas em necessidade, promover o preparo e prevenção e facilitar ações sustentáveis.

Já a Unicef trabalha pela garantia dos direitos de cada criança e adolescente, concentrando seus esforços naqueles mais vulneráveis, com foco especial nos que são vítimas de formas extremas de violência.

Ainda no Brasil, temos a Cáritas, um organismo da CNBB, cuja missão é levar a dignidade do evangelho a toda pessoa em situação de vulnerabilidade. Sua atuação tem alcance internacional; nascida da inspiração de Dom Helder Câmara quando secretário da Conferência em 1956.

Há também a CONAB - ela executa operações de doação de alimentos à Cooperação Humanitária Internacional, em atendimento à legislação brasileira, sob orientação do Ministério das Relações Exteriores e atende casos de desastres socioambientais, catástrofes, calamidades públicas e insegurança alimentar e nutricional.

Ajuda humanitária para migrantes e refugiados

Há, como vimos anteriormente, muitas situações que pedem ajuda humanitária, como por exemplo uma catástrofe natural: enchente, desabamento, terremoto; como também guerras e conflitos internos em diversos países.

No entanto, podemos considerar uma situação emergencial constante que é a realidade dos migrantes e refugiados. Segundo as Nações Unidas (ONU), estima-se que 281 milhões de migrantes internacionais se deslocaram em 2021, isso equivale a 3,6 % da população global, mesmo com os impedimentos da pandemia.

Portanto, migrantes e refugiados clamam ajuda constante! Mas como funciona a ajuda humanitária nesses casos. O ACNUR é o órgão responsável junto à ONU para trabalhar por soluções duradouras e emergenciais para esses irmãos e suas famílias. 

Dessa forma, existem diversos projetos mantidos pelo órgão através de arrecadações financeiras. E essas recursos são divididos da seguinte forma:

  • Cerca de 40% são destinados às atividades para salvar vidas – (Abrigo e infraestrutura, itens básicos domésticos e de higiene, serviços para pessoas com necessidades especiais) 
  • Aproximadamente 20% são destinados para assegurar direitos (Registro, Assistência legal e medicamentos, acesso ao território, prevenção e resposta à violência de gênero, proteção infantil)
  • Cerca de 30% são destinados para construir futuros (Mobilização comunitária, coexistência com comunidades locais, autossuficiência e meios de subsistência, Integração e reassentamento)

Como vimos, as necessidades são imensas e a presença de mais colaboradores também, porque a causa do migrante e do refugiado é um assunto mundial que requer ajuda humanitária de todos.

Como pedir e como ajudar

Em suma, a ajuda humanitária precisa de uma solicitação governamental em nome de um país aos órgãos responsáveis. Há também muitas iniciativas privadas que prestam socorro em situação de calamidade pública.

O Brasil, no auge da pandemia, através dos Governadores dos estados, pediu a antecipação de remessas de vacinas, oxigênio e medicamentos do kit intubação à OMS (Órgão Mundial das Nações Unidas para a saúde).

Dessa forma, o socorro chega, ainda que encontre obstáculos, à vida de muitas pessoas. E é possível também tornar-se voluntário ou um doador pela causa humanitária.

Assim, nem precisamos ir tão longe, aqui no Brasil, encontramos situações emergenciais devido às chuvas, secas ou pobreza que castigam a população.

E ao final de cada ajuda humanitária, estaremos cultivando nossa amizade com Deus que nos diz:

"Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes." (Mt. 25, 40)

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