Amor ao próximo: “Fui estrangeiro e me recebestes”

A palavra 'amor' é muito pronunciada e possui muitas definições, dependendo de cada pessoa e a realidade que vive. Porém, há um tipo de amor cuja definição é aceita com unanimidade: o amor ao próximo.

A população mundial em 2022 ultrapassa 7,8 bilhões de habitantes! Imaginemos se pelo menos metade dessas pessoas (se considerarmos a outra parte como crianças e incapacitados por algum motivo), amassem o próximo com algum gesto concreto?

Com certeza, não haveria necessitados sobre a Terra, porque alguém estaria, neste momento, fazendo o bem ao outro! Porém, não é tão simples assim. O amor é um dom derramado por Deus sobre a vida do ser humano, mas amar é uma decisão diária.

Portanto, é preciso espalhar o amor para que ele aconteça. Constantemente, somos surpreendidos com alguém necessitado, uma pessoa doente, outra sem casa, frustrada com a vida, infeliz, enfim. Existem diversos necessitados perto de nós.

E para entender melhor o amor ao próximo e suas realidades, preparamos este post!

 

Amor a si e ao próximo

 

Jesus, em uma conversa com um escriba, sobre os mandamentos, cita esse termo:"Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe” (cf. Mc.12,31). 

Logo o fariseu percebeu, pelo diálogo, que o amor ao próximo era a mais alta prática da caridade, quando ele diz: [...] "amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios”.

Mas antes de falar do amor ao próximo, vamos conversar sobre o amor que precede a qualquer outro que possamos conhecer: o famoso amor-próprio. Esse tema é muito debatido e resulta em muitos livros de autoajuda.

Porém, o amor-próprio, antes de ser tema de trabalhos acadêmicos, é uma consciência de quem sou! Isso mesmo! Quem sou diante dos olhos do criador. Para nós cristãos, a referência que nos garante o amor é o próprio Deus que nos deu a si mesmo por amor.

Por isso que, antes de falar sobre amor ao próximo, precisamos ter consciência do amor-próprio à luz da Palavra de Deus, a partir de uma experiência de sentir-se amado ou não teremos empatia pelo outro, nosso semelhante.

Contudo, se tenho amor a mim mesmo, estou ciente de minhas grandezas e limitações. Não significa nem vaidade, muito menos egoísmo, mas sabedoria e autoconhecimento. Claro que não é fácil assim, mas é o princípio da caridade, amar a si mesmo.

 

Amor ao próximo

 

Agora podemos conversar sobre o amor ao próximo. Naquela conversa de Jesus com o fariseu sobre os mandamentos (cf. Mc 12,21-34), Ele se admira com a conclusão do escriba sobre amar o outro e diz: "Não estás longe do Rei­no de Deus".

Ou seja, quem pratica o amor ao próximo se aproxima do Reino de Deus e como diz são Paulo: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo" (cf. Rm 14,17).

E quem é meu próximo? Pode ser que você imagine o próximo sempre como um mendigo ou uma pessoa pobre, nunca como um rico ou alguém sem necessidades materiais, mas não é assim.

Em poucas palavras, o meu próximo é aquele que encontro no caminho, como aconteceu com o Samaritano, ele acolheu quem estava no seu caminho, mesmo sem saber quem era a pessoa.

Sabemos que Covid 19 aumentou o quadro da pobreza no mundo. Estima-se que 732 milhões de pessoas, em 2020, vivem em situação de extrema pobreza, com menos de 1,25 dólar por dia e, ainda assim, esses não são todos os necessitados do mundo.

No entanto, a pandemia também causou um enorme número de enlutados. Segundo a OMS, foram quase 15 milhões de mortos no mundo inteiro. E cada pessoa corresponde a pelo menos mais quatro, isso significa 60 milhões de pessoas tristes, desamparadas, depressivas, e esses também são meus próximos.

 

“Fui estrangeiro e me recebestes”

 

Além de amar o próximo porque é nosso irmão, há uma realidade que existe antes de Cristo e permanece até hoje: o estrangeiro. Se formos generalizar, somos todos estrangeiros de alguma forma, seja pela descendência ou pela busca do céu, nossa morada final.

No entanto, o estrangeiro é o irmão que deixou sua pátria por algum motivo, em busca de melhores condições de vida, em outro país. Será que assistimos a essa realidade hoje? Com certeza! Basta lembrarmos da entrada dos Venezuelanos no Brasil desde 2013, devido a grande crise socioeconômica vivida naquele país. 

Sendo assim, o estrangeiro se caracteriza como migrante, refugiado, migrante interno e tantas outras realidades. Cada um por um motivo próprio, e são milhares no mundo inteiro em busca de abrigo, trabalho e um lar.

Sendo assim, “para o migrante, a pátria é terra que lhe dá o pão” nos diz o Beato João Batista Scalabrini, considerado Pai e Apóstolo dos Migrantes. Portanto, o estrangeiro se torna nosso irmão por um motivo muito especial: ele deseja não apenas comer o mesmo pão, mas também trabalhar por ele.

 

O mundo precisa de amor e solidariedade 

 

Uma senhora, em uma casa de repouso, disse certa vez: “o mundo está enfermo”. Que palavras sábias, como dita o provérbio popular - falou pouco, mas falou bem. Há de fato uma carência no mundo de amor e consequentemente solidariedade.

Por isso que Jesus nos deixou um novo mandamento: "Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (cf. Jo 13,34).

Praticamente, toda a vida de Cristo foi um ensinamento sobre o amor e ainda precisamos nos perguntar: Como posso amar o próximo?

A resposta não é filosófica, nem ideológica, nem complexa, mas prática. A primeira ação de amor ao próximo é a acolhida! Exatamente. Sem julgar ou querer consertar o outro, mas acolher e ouvir. Essa atitude é válida para todos, porque temos sempre carência de algo.

No entanto, há casos mais graves, que pedem ajuda psicológica, jurídica, material e outras tantas. Nesses casos podemos ser pontes de ajuda e nunca muros para o próximo. E se nada posso fazer, ainda resta a oração, ela tem todas as respostas.

 

Leia também: O que significa caridade na Bíblia?

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