
Dar refúgio para alguém é uma prática antiga. Mesmo antes de Cristo, isso já existia devido aos conflitos entre as nações e raças da época. No entanto, depois da segunda guerra mundial, essa situação se agravou. Por isso aqui vamos entender como vivem os refugiados no mundo.
Antes de tudo, é interessante esclarecer que o refugiado não é um foragido, nem um fugitivo. É importante dizer que: foragido é a pessoa que, geralmente, foge da justiça por algum motivo de infração ou crime. Logo, esse não é o caso do refugiado.
Da mesma forma, não existe imigrante ilegal. Existe a pessoa em situação irregular no país por não possuir um documento adequado que lhe confira permanência. Para viver regularmente no Brasil, por exemplo, é preciso ter uma autorização de residência.
Portanto, não possuir o documento correto não faz da pessoa uma criminosa, trata-se de uma infração administrativa que pode ser resolvida de acordo com a legislação de cada país. Portanto, não precisamos temer o refugiado. Ele é uma pessoa como qualquer um de nós, porém que necessita de solidariedade.
Mas quem são os refugiados?
O conceito de refugiado foi definido pela ONU - Organização das Nações Unidas, por meio do Estatuto dos Refugiados, realizado em 1951, adotado em 1954 e consolidado pelo ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados - com a seguinte definição:
“São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados”.
Agora, entendemos um pouco quem é o refugiado. No entanto, não se pode confundir refugiado e migrante. E é o ACNUR que destaca bem essa diferença quando diz que os refugiados são pessoas que deixaram tudo para trás, para escapar de conflitos armados ou perseguições.
No entanto, os migrantes escolhem se deslocar não por causa de uma ameaça direta de perseguição ou morte, mas principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou educação, por reunião familiar ou por outras razões.
Porém, não significa que o migrante esteja em melhores condições que o refugiado, uma vez que ambos sofrem com a saída de sua pátria e a maioria deles tem que deixar suas famílias para tentar sobreviver em outro país.
Qual a origem dos refugiados?
Atualmente, segundo o ACNUR, os principais locais de conflitos que elevam o número de refugiados se encontram na África e na Ásia e, mais recentemente, na Ucrânia.
Distribuídos da seguinte forma: África – oito conflitos: Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, norte da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi; Oriente Médio – quatro conflitos: Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen; Europa – um conflito: Ucrânia; Ásia – três conflitos: Quirguistão, Mianmar e Paquistão.
Porém, esse quadro dos refugiados se agrava cada dia mais; dados recentes revelam que esse número atingiu a marca de 100 milhões. Só a guerra na Ucrânia deslocou 8 milhões de pessoas dentro do país neste ano e mais de 6 milhões de refugiados para fora da Ucrânia.
Assim, esse montante corresponde a 1% da população mundial e formaria a 14º nação mais populosa do mundo. Estes dados informam uma situação grave no quadro mundial, e lança um clamor pelo fim dos conflitos nos países de origem dos refugiados.
Entre os países que mais recebem refugiados, estão em ordem de acolhida: Turquia, Paquistão, Uganda, Sudão, Alemanha e Irã.
Migrantes no Brasil
A realidade dos refugiados é mundial e o Brasil não está fora dessa situação. Segundo a ONU, o país é o quinto na lista dos mais procurados pelos Venezuelanos, e de janeiro de 2017 a março de 2022, o Brasil recebeu 325.763 venezuelanos que permaneceram aqui.
Segundo o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), a nacionalidade com maior número de pessoas refugiadas reconhecidas, entre 2011 e 2020, é a venezuelana (46.412), seguida dos sírios (3.594) e congoleses (1.050). Dentre os solicitantes da condição de refugiado, as nacionalidades mais representativas foram de venezuelanos (60%), haitianos (23%) e cubanos (5%).
Então, somos um país que acolhe os refugiados. A pandemia causou uma diminuição na entrada deles com o fechamento das fronteiras terrestres, mas os aeroportos não fecharam. Estima-se que, em 2022, cerca de 750 pessoas atravessem a fronteira, ao norte do país, todos os dias, em busca de refúgio ou para encontrar suas famílias no Brasil.
Como vivem os refugiados
Agora que temos bastante informação sobre os refugiados, podemos, então, conversar sobre como eles vivem.
Imagine-se chegando na casa de alguém que você não conhece, só ouviu falar, ou viu por fotos, mas tem boas recomendações sobre a pessoa. No entanto, você chega de “mala e cuia” , ou seja, com tudo o que tem, para pedir ajuda.
Diante dessa realidade, você se sentiria, no mínimo, deslocado! Essa é uma simples comparação para entendermos um pouco de como se sente e vive um refugiado quando chega em um outro país.
Ora, a entrada de um refugiado já é conflitante. A passagem pelas fronteiras é arriscada; há travessias feitas pelo mar; muitos trazem seus filhos e até perdem a vida tentando fazer esse caminho de saída do seu país de origem e isso é apenas o começo.
Logo quando chegam em qualquer país, existe a barreira da língua, dificuldade de comunicação; aparecem as diferenças de cultura; a xenofobia (aversão ao estrangeiro) praticada pela população do país de entrada.
Além da falta de emprego, de moradia e qualquer recurso para começar a vida, sem falar que muitos chegam apenas com a roupa do corpo, há ainda a diferença de tratamento de um país para o outro.
Você sabe onde fica o maior campo de refugiados do mundo?
Dessa forma, a maioria deles vive à mercê de ajudas humanitárias. São acolhidos em acampamentos próprios para refugiados e entram em uma enorme competição entre eles e os nativos para alcançar o trabalho e a autorização para viver no país.
Ajuda humanitária
“O futuro das nossas sociedades é um futuro a cores, enriquecido pela diversidade e as relações interculturais. Por isso, hoje, devemos aprender a viver juntos, em harmonia e paz”.
Com essas palavras, o Papa Francisco se dirigiu aos refugiados em 2021.
Literalmente, há um mar de pessoas que necessitam de ajuda contínua e são muitas as iniciativas públicas e privadas que se sensibilizam em benefício dessa causa.
O órgão oficial da ONU para a causa do refugiado é o ACNUR e cerca de 97% de seu orçamento vem de doações voluntárias que englobam pessoas físicas e parcerias com empresas de todas as partes do mundo.
Portanto, significa que há mobilização, interesse e ajuda, porém pouco divulgadas pela mídia. No Brasil, por exemplo, há muitas iniciativas de ONGs e órgãos governamentais, e além da Igreja Católica tem uma forte contribuição com a causa do refugiado.
Por exemplo, a Cáritas Brasileira, com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro, em convênio com o ACNUR, oferece apoio jurídico, psicológico e social, curso de português e encaminhamento nas áreas de trabalho, de educação, de saúde, de documentação, de capacitação profissional, de cultura, lazer e de geração de renda.
E é Deus quem inspira mais pessoas a realizarem ações que façam a diferença na vida de um irmão refugiado com o ACNUR.
Uma resposta do Evangelho para os refugiados
"O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito" (cf. Jo 3,8).
O vento citado pelas Sagradas Escrituras se refere ao Espírito Santo de Deus e Ele age na história da humanidade em favor dos filhos de Deus. Dessa forma, em 1887, suscitou no coração de João Batista Scalabrini o amor pela causa do refugiado.
E desse amor nasceu a Congregação dos Missionários de São Carlos ou Scalabrinianos (1887) e a Congregação das Missionárias de São Carlos (1895), com o auxílio de Pe. José Marchetti e sua irmã Assunta Marchetti.
Há ainda as Missionárias Seculares (1990), Movimento Leigo Scalabriniano (MLS), Juventude Scalabriniana (JUVES). Também surgiram inúmeros voluntários, pessoas sensíveis à causa da mobilidade humana no mundo, inspiradas no carisma de Scalabrini.
A paixão pela causa do migrante do Bem-Aventurado Scalabrini é uma obra do Espírito Santo que se atualiza em todo tempo e lugar. Passados 135 anos de fundação, o carisma scalabriniano continua respondendo aos apelos da Igreja e da humanidade:
Atualmente, estamos em 33 países. Com nosso trabalho, com a ajuda de voluntários e benfeitores, mantemos obras e vários serviços, como:
Casas de acolhida para imigrantes, centros de atenção aos migrantes, pastoral do migrante em organismos eclesiais diocesanos e nacionais, paróquias e missões, centros de estudos migratórios, seminários, centros Stella Maris, meios de comunicação social, escolas, entre outros.
Toda forma de ajuda humanitária em favor dos irmãos e irmãs refugiados é nobre!
Se você deseja rezar pelas causas humanitárias e interceder pelos migrantes e refugiados que estão sofrendo, nas mais diversas realidades pelo mundo, baixe agora o Devocionário a Nossa Senhora dos Imigrantes.- é gratuito!