“Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito” (Êx. 23,9).
Somos todos peregrinos rumo à casa do Pai, mas quem são os migrantes? Sobre isso que vamos falar.
Antes de tudo, precisamos entender que os migrantes são resultado do fenômeno da migração e esse é um acontecimento muito antigo e atual.
Segundo o Instituto Migrações e Direitos Humanos, os grandes movimentos migratórios ocorridos em outras épocas tiveram sua causa nas invasões, conquistas, êxodos, mudanças sazonais, fome, superpopulação de determinadas regiões, entre outras.
Ou seja, como foi citado acima, são muitos os motivos que causam a migração e o aparecimento dos migrantes. As situações que provocam esse acontecimento continuam as mesmas, talvez mais graves hoje devido aos conflitos internos que muitos países vivem e obriga sua população a migrar.
A IMDH afirma que somos um mundo de 214 milhões de migrantes internacionais e, no mínimo, outros 740 milhões de migrantes internos. Essa quantidade é quase o número da população brasileira de alguns anos atrás. A quantidade de migrantes formaria uma nação.
Acolhendo o outro
A primeira pergunta que fazemos é: quem são os migrantes? Se a migração acontece por causa da fome, seca, falta de emprego e impossibilita a sobrevivência do ser humano, logo o migrante é a pessoa que foge dessa realidade.
Vale a pena diferenciar o migrante do refugiado. Este é perseguido pelo seu país e não tem como voltar porque colocaria em risco sua vida.
Já os migrantes, esses não sofrem a perseguição. Geralmente eles saem por falta de condições mínimas de vida em seus países de origem, mas podem voltar para casa a qualquer momento e continuam recebendo apoio de seus países, diferente dos refugiados.
É importante dizer também que há muitas nações em guerra, como é o caso do Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar e atualmente a Ucrânia. Essa situação obriga as pessoas a se deslocarem para fora - migrantes - ou dentro do país - migrantes internos.
Agora, imagine-se deixando sua casa
Seus amigos, sua cultura, sua história, sua língua, seu país em busca de condições mínimas de vida, e tendo que se aventurar em travessias a pé ou no mar para fugir. Essa situação é no mínimo triste e no máximo se perde a vida.
Porém, só nos colocando no lugar do outro somos capazes de medir o sofrimento que ele passa. No caso dos migrantes, além da dor causada pelo êxodo forçado, há a dor da adaptação, da rejeição e da falta de empatia por parte da maioria das populações.
"Os migrantes também constroem o futuro do mundo”
Mas como disse o Papa Francisco: “Os migrantes também constroem o futuro do mundo”, este é o tema da comemoração do Dia Mundial do Migrante, celebrado em 25 de setembro. Esses irmãos (ãs) são seres humanos como qualquer um de nós e precisam de apoio.
Assim o Papa nos convida a olhar o migrante como aquele que ajuda na construção do novo tempo, a partir da profecia de Isaías 60,10-11 quando os estrangeiros ajudam a reconstruir Jerusalém. O Santo Padre nos alerta para a contribuição do migrante ao longo da história.
E é verdade! Se olharmos para a história das civilizações, veremos o quanto houve a contribuição do migrante no crescimento econômico, principalmente após as guerras mundiais e até os dias de hoje, sem desconsiderar também os desafios que isso causa.
Uma vez que o número de migrantes no mundo só aumenta e não é fácil para os países abrigar, dar trabalho, escola, quando não têm infraestrutura para isso, logo provoca super população, mais fome, violência e criminalidade.
Por isso, o Papa Francisco nos lembra no documento:
“A presença dos migrantes e refugiados constitui um grande desafio, mas também uma oportunidade de crescimento cultural e espiritual para todos. Graças a eles, temos a possibilidade de conhecer melhor o mundo e a beleza da sua variedade. Podemos amadurecer em humanidade e, juntos, construir um «nós» maior.”
Por fim...
Que a oração do Papa Francisco seja também a nossa em favor da paz e de um sadio convívio entre irmãos e irmãs:
"Senhor, tornai-nos portadores de esperança, para que, onde houver escuridão, reine a vossa luz e, onde houver resignação, renasça a confiança no futuro.
Senhor, tornai-nos instrumentos da vossa justiça, para que, onde houver exclusão, floresça a fraternidade e, onde houver ganância, prospere a partilha.
Senhor, tornai-nos construtores do vosso Reino juntamente com os migrantes e os refugiados e com todos os habitantes das periferias.
Senhor, fazei que aprendamos como é belo vivermos, todos, como irmãos e irmãs."
Amém.
(Roma, São João de Latrão, 9 de maio de 2022.)