Será que sou chamado a servir aos migrantes?

O serviço é uma prática ligada à natureza humana. Não é possível viver bem sem servir. Porém, existem várias formas e lugares de fazer isso. Então, como saber se posso servir aos migrantes?

“Ninguém deve ser excluído. O plano divino é essencialmente inclusivo e coloca, no centro, os habitantes das periferias existenciais. Entre estes, há muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano”, diz o Papa Francisco.

Que declaração forte do Santo Padre: ‘periferias existenciais’; ‘vítimas de tráfico humano’; migrantes e refugiados deslocados’. São dores que desconhecemos, mas que recebem alívio e “curativos” quando encontram corações e mãos dispostos a ajudar.

Logo, vamos entender melhor o que significa isso: servir! Começando por seu significado. Acompanhe o post até o fim.

Para ajudar os migrantes: entender o que é ‘servir’

Quando nos perguntamos: será que sou chamado a servir…? Essa é uma pergunta que nos coloca a caminho de uma descoberta.

Antes de tudo, não vamos confundir este “servir” com a prestação obrigatória do serviço público; ainda que ele seja feito com educação, gentileza e empatia, envolve, no entanto, pagamento e obrigações próprias do Estado e do funcionário que exerce a função.

Portanto, não é esse tipo de serviço que vamos tratar, mas o que é feito pela generosidade de coração, sem esperar nada em troca, com gratuidade. Sendo assim, quem mais pode nos orientar é o evangelho cujo centro é Jesus Cristo.

Desse modo, servir, conforme o evangelho propõe, é agir como o bom Samaritano (cf.Lc.10,25-37), desprender-se de si mesmo e ver no outro um semelhante a partir de seu valor diante de Deus e não pelo que tem ou faz. 

Sendo assim, servir tem como maior requisito a importância do outro como pessoa, irmão e filho de Deus. Se você pensa assim, já é um candidato em potencial ao serviço, como também já responde a primeira parte da pergunta: será que sou chamado a servir…?

Segundo passo: Quem são os migrantes?

Como podemos entrar em um serviço específico sem saber do que se trata? E quando envolve pessoas em situação de vulnerabilidade, isso nos pede bastante atenção e uma qualidade fundamental: empatia.

Portanto, o migranteé o ser humano que se encontra em situação de mobilidade, nem sempre voluntária e que precisa de acolhida.”

Essa mobilidade tem diversas causas, uma delas é a necessidade de sobrevivência, uma vez que seu lugar de origem não oferece condições mínimas para viver.

Logo, os migrantes fogem da fome, da falta de moradia, de saúde e tudo que atinge a dignidade da pessoa humana e a leva a uma progressiva morte. Por causa disso, eles enfrentam o desconhecido: um novo país, línguas, culturas diferentes, sem falar da locomoção que coloca em risco a própria vida.

De forma que são pessoas que precisam de ajuda em todos os aspectos, e também nos ajudam, como diz o Papa Francisco:

“Graças a eles, temos a possibilidade de conhecer melhor o mundo e a beleza da sua variedade. Podemos amadurecer em humanidade e, juntos, construir um ‘nós’ maior.”

Saiba mais sobre os migrantes!

Como posso servir aos irmãos peregrinos?  

O Papa Francisco, mais uma vez, nos propôs uma sequência de ações para servir aos migrantes. Todas fundamentais, mas queremos destacar uma que representa o pontapé inicial:

“É necessário aproximar-se para servir.”

Para explicar melhor, o pontífice usa o texto do bom Samaritano, já citado acima, para dizer que aquele homem venceu os receios e preconceitos para servir; e o Papa concluiu dizendo que se aproximar de alguém vai além do dever, mas é um ato de amor a Deus, acompanhado de humildade e disponibilidade.

Aprofunde: Quatro verbos da migração.

Portanto, para servir aos migrantes, basta começar por gestos simples. Que tal um bom dia, com licença ou como você está? Um olhar, um pouco de atenção, uma refeição, um cobertor; uma roupa limpa, um produto de higiene e até um banheiro para um banho!

Ou seja, tratar com o mínimo de dignidade e oferecer o que está ao nosso alcance já configura uma ajuda, e dessa forma começa a afeição, o cuidado, a amizade que plantam no outro, o sentimento de que sua vida tem importância, independente de sua história.

Bom lembrar que a generosidade é um caminho de mão dupla, quando damos, recebemos. E no evangelho, essa medida é sempre desproporcional, porque sempre recebemos mais do que damos e o melhor é que o ‘bem’ recebido não perece.

Missionários a favor dos migrantes e refugiados

“Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo” (Mt 25, 34-36).

O evangelho é um convite de amor para todos e cada um, à medida que se identifica com essa carta, vai dando sua resposta. Entre eles, há alguns que dão sua vida pela causa do migrante, como também inspiram jovens e casais a fazerem o mesmo, cada um dentro da sua realidade e estado específico.

Mas nos referimos aos Missionários de São Carlos ou Scalabrinianos que, a exemplo de seu fundador - São João Batista Scalabrini - responderam ao evangelho e consagraram suas vidas a Deus e ao serviço dos migrantes.

Com certeza, os Scalabrinianos têm muito a nos ensinar sobre como amar e assistir o migrante, uma vez que essa vocação, fundada em 1887, atravessou dois séculos de experiência na ajuda a esses irmãos.

Agora, chegamos ao final da pergunta: será que sou chamado a servir aos migrantes? Ora, se você se identifica com a causa, não perca tempo, porque ao seu lado tem sempre um “peregrino” em busca de uma nação para transformá-la em seu lar.

Enquanto isso, vamos rezar juntos com o Papa Francisco:

Senhor, tornai-nos portadores de esperança, para que, onde houver escuridão, reine a vossa luz, e onde houver resignação, renasça a confiança no futuro.

Senhor, tornai-nos instrumentos da vossa justiça, para que, onde houver exclusão, floresça a fraternidade e, onde houver ganância, prospere a partilha.

Senhor, tornai-nos construtores do vosso Reino juntamente com os migrantes e os refugiados e com todos os habitantes das periferias.

Senhor, fazei que aprendamos como é belo vivermos, todos, como irmãos e irmãs. Amém.

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