Conferência pela Jornada do Migrante e Refugiado aconteceu no Peru

Diante da realidade da mobilidade humana, a Igreja sempre esteve muito atenta ao acompanhamento de cada pessoa que se coloca em viagem e, portanto, não é estranha às transformações históricas e socioculturais. Nesta ocasião do 108º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado - DMMR - o Papa Francisco nos convida a "Construir um Futuro com Migrantes e Refugiados".

Como Igreja, à luz do carisma scalabriniano, a Congregação dos Missionários de São Carlos - Scalabrinianos, juntamente com a Conferência dos Religiosos e Religiosas do Peru, em resposta à mensagem do Santo Padre, organizou uma conferência no dia 17 de setembro de 20220 com o objetivo de tornar visível e fortalecer ainda mais o trabalho conjunto entre eles: Igreja, Estado e Organizações Internacionais.

Como marco de referência para a discussão, foi abordada a Doutrina Social da Igreja e a migração, na qual o Padre Juan Antonio Nureña apresentou o marco histórico dos vários documentos da Igreja, através dos quais, é mostrado o acompanhamento pastoral das pessoas em situação de mobilidade. Ele ressaltou que toda pessoa tem o direito de migrar, além de ser um sujeito que assume o compromisso de colaborar na proclamação do Evangelho e na construção de uma sociedade mais justa e solidária.

A Embaixadora María Antonia Masana (representante do Peru) reconheceu que nas comunidades religiosas e paroquiais, os migrantes sentem-se bem-vindos e isso tem um impacto na forma como o Estado procura novas respostas e alternativas que proporcionem acolhida e proteção, uma das quais é a regularização da migração, entendendo que esta é uma questão transversal em qualquer ação em favor desta população, como o trabalho nas mesas redondas de migração intersetorial em nível nacional.

Por parte das organizações internacionais - na pessoa dos chefes de missão da OIM e do ACNUR - ficou claro que nos últimos anos o Peru tornou-se um país anfitrião de milhares de migrantes e refugiados, e que há muitos desafios e oportunidades, que requerem um trabalho conjunto e coordenado entre a Igreja, o Estado e as organizações internacionais, que deve ser sustentado ao longo do tempo a fim de alcançar uma integração real.

A Igreja, inserida na realidade das comunidades, é uma grande conhecedora das alegrias e dificuldades do povo, o Estado, através de seus diversos mecanismos, vem implementando respostas e proporcionando facilidades para a regularização migratória, e as Organizações Internacionais têm um impacto junto às autoridades do Estado, dando apoio nas respostas humanitárias, oferecendo ferramentas para a proteção, integração e promoção da coesão social.

Juan Goicochea, missionário comboniano, nos ofereceu uma significativa reflexão e provocação baseada nos quatro verbos dados pelo Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial do Refugiado de 2018 - acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados. A partir da sinodalidade, ele nos convidou a saber ouvir para compreender, rever nossos espaços e nossos pontos fortes para discernir e decidir, desenvolvendo assim um cuidado pastoral integral, pois só assim conseguiremos a comunhão e a participação para viver a missão.

Karim Arroyo, uma irmã religiosa da congregação das Filhas da Caridade, destacou o trabalho em rede que permitiu o fortalecimento dos vários serviços oferecidos pelo Santuário da Virgem de Lourdes, no centro de Lima. Ela agradeceu à Associação Scalabrini por sua proximidade na gestão dos espaços de apoio aos migrantes, bem como seu acompanhamento no desenvolvimento dos processos e assistência e o apoio, especialmente no capital humano que eles têm fornecido, tornando assim efetiva a acolhida empática e o empoderamento resiliente.

O testemunho de Nahilu Velasquez, uma venezuelana, ratificou mais uma vez que quando oferecemos um espaço em nossa comunidade onde os migrantes podem ser acolhidos e participar ativamente, é aqui que se abre a oportunidade de construirmos juntos uma história na qual todos nós somos enriquecidos, tanto aquele que acolhe e aquele que é acolhido, melhorando o meio ambiente e contribuindo para a multiplicação da ajuda a muitos mais.

A Associação Scalabrini no Peru entende que o trabalho conjunto entre a Igreja, o Estado e as organizações internacionais tem gerado espaços de encontro para os migrantes e seus novos ambientes, favorecendo mecanismos de promoção e fortalecimento da convivência pacífica, consolidando espaços de desenvolvimento pessoal e social. Estamos certos de que este trabalho concretiza o objetivo de acolher, proteger, promover e integrar as pessoas na comunidade, garantindo seus direitos e o cumprimento de seus deveres.

A discussão foi uma oportunidade para conhecer-se, trocar experiências, fortalecer a cooperação interinstitucional e reconhecer e agradecer o trabalho de cada pessoa de boa vontade, não sem chamar todos os presentes (religiosos e religiosas, leigos comprometidos, estudantes universitários, trabalhadores humanitários e a comunidade migrante) para continuar trabalhando juntos pela unidade na diversidade. Ficou evidente que o trabalho conjunto e coordenado permite construir o futuro com migrantes e refugiados.

P. Luiz Carlos Do Arte, CS

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