
A 11ª Assembleia Regional da Região Nossa Senhora Mãe dos Migrantes (RNSMM) segue nesta quinta-feira, 1º de maio, com o cronograma previsto para o terceiro e último dia de sessões. O encontro, realizado no Seminário São João XXIII, em São Paulo, Capital, reúne mais de 80 participantes, entre padres, religiosos e leigos Scalabrinianos atuantes nas diversas missões dos sete países que compõem a Região.
A primeira atividade da manhã foi a nona sessão da Assembleia, dedicada à leitura, discussão e aprovação do Projeto Missionário Regional. O documento contempla diretrizes fundamentais para o trabalho pastoral e institucional da Região, abrangendo os capítulos: Secretariado da Missão; Vida Religiosa; Animação Vocacional e Formação Inicial; Governança Corporativa e Administração de Bens. As apresentações foram realizadas pelos Padres Scalabrinianos Paolo Parise, Flávio Lauria, Camilo Maforte, Evandro Antônio Cavalli e Eduardo Pizzutti, respectivamente.
Na sequência, foi conduzida a décima sessão da Assembleia, focada na prestação de informações referentes à gestão econômica e administrativa da Região, conduzida pelo Ecônomo Regional, Pe. Eduardo Pizzutti, CS. Em sua apresentação, o religioso destacou quatro objetivos centrais do trabalho: formação econômica local, fortalecimento da capacidade técnica nas obras, sustentabilidade financeira das missões e cuidado com o patrimônio imobiliário. "A administração é instrumental, mas tem sua autonomia e merece atenção, pois se enobrece pelas finalidades às quais está subordinada", afirmou Pe. Eduardo, ressaltando a importância de dar alma à economia, como pede o Papa Francisco, orientando a gestão para o bem comum e a missão.
Pe. Eduardo também chamou atenção para a necessidade de promover a transparência administrativa como base do serviço missionário. Citando o número 57 do Projeto Missionário Capitular e a Regra de Vida da Congregação, o Missionário Scalabriniano frisou que “a transparência não é uma afronta à confiança, mas um princípio de qualquer democracia”, e que deve ser vivida inclusive como forma de exame de consciência e celebração do bem realizado. Para isso, apresentou dados objetivos das planilhas de prestação de contas recebidas pelas Comunidades, Obras e Paróquias da Região.
No período da tarde, durante a décima primeira sessão da Assembleia, aconteceu o momento “Fala dos Leigos”. Representantes do Movimento Leigo Scalabriniano (MLS) — Viviane Aparecida Silva, Lucia Bamberg e Vera Lúcia de Conceição Moraes — apresentaram a trajetória, as ações e os desafios enfrentados pelos leigos nas ex-províncias, unificadas com a constituição da RNSMM. Foi destacado que, embora os grupos estejam reduzidos em número de participantes, permanecem ativos nas Casas de Acolhida e nas ações junto às comunidades migrantes. As representantes também trouxeram propostas para a sustentabilidade do movimento, como contribuições mensais, campanhas online e maior apoio institucional das paróquias.
Em sua fala, Viviane ressaltou a importância da união entre leigos e religiosos na missão Scalabriniana: “Os leigos precisam dos padres e os padres precisam dos leigos para ir onde”. Para a Leiga Scalabriniana, essa colaboração é essencial para fortalecer o Carisma nas bases e nos serviços de atendimento aos migrantes. Viviane também enfatizou que os leigos não desejam autonomia isolada, mas sim caminhar em comunhão, oferecendo apoio concreto às demandas da missão, especialmente junto aos migrantes. “Somos um braço que pode apoiar os trabalhos onde os Padres talvez não consigam chegar por falta de tempo”, afirmou.
Ainda durante a décima primeira sessão, foi apresentado o trabalho da Rede SIMN Global pelo Pe. Márcio Toniazzo, Diretor Executivo da Rede. Ele explicou que o SIMN é uma organização civil da Congregação dos Missionários de São Carlos, com sede em Nova Iorque, próxima às Nações Unidas, e que atua em duas frentes principais: desenvolvimento e representação. “Esses são os dois trilhos do trabalho do SIMN, conforme estabelecido nos estatutos e nos documentos do Capítulo Geral”, destacou.
Pe. Márcio ressaltou também a importância de coordenação e comunicação entre os diversos setores da Congregação ao submeter projetos em busca de financiamento internacional. “Não se trata de pedir permissão ao SIMN, mas de coordenar para que ambos – Congregação e parceiros externos – sejam favorecidos. Já tivemos situações em que projetos foram negados por falta dessa comunicação”, alertou. Na América do Sul, projetos foram realizados na Argentina com foco pastoral e em casas como Cuiabá, com apoio direto do SIMN. Em 2024, estima-se que as ações da Congregação tenham alcançado cerca de 70 mil pessoas, incluindo trabalhadores do mar, migrantes e refugiados de 67 nacionalidades.
A décima segunda e última sessão da Assembleia tratou de temas variados. O primeiro tópico foi a Comunicação, conduzido pelo Pe. Evandro Antônio Cavalli, CS, 2º Conselheiro, Secretário Regional e Diretor do Departamento Regional de Comunicação. Em seguida, foi apresentada a trajetória dos 130 anos do Instituto Cristóvão Colombo (ICC), pelo seu diretor, Pe. Antenor João Dalla Vecchia.
Encerrando a Assembleia, o Superior Regional, Pe. Alexandre Biolchi, fez um balanço positivo do encontro e destacou três aspectos que tornam esta edição especialmente significativa.
“Primeiro, o fato de encontrarmo-nos como coirmãos dos sete países onde estamos presentes. É uma ocasião para confraternizar-nos, rezarmos juntos, dialogarmos e nos animarmos mutuamente no trabalho missionário que realizamos. O segundo é que, no Capítulo Geral realizado em outubro de 2024, decidimos pela formação definitiva da Região Nossa Senhora Mãe dos Migrantes. Agora, o grande desafio é passarmos da unificação à comunhão regional. Por fim, nesta Assembleia, reelaboramos nosso Diretório Regional e aprovamos o Projeto Missionário Regional para o próximo sexênio, conforme o Projeto de Congregação. Tudo isso em um clima de fraternidade e discernimento, fiéis ao legado de nosso Santo Fundador, São João Batista Scalabrini, e à missão de promover uma Pastoral da Esperança junto aos migrantes, marítimos e refugiados.”
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Arquivo Regional da RNSMM.