Pela primeira vez, os venezuelanos se tornaram o maior grupo de migrantes vivendo no Brasil. Segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados na última sexta-feira, 27 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 271,5 mil venezuelanos residiam no país naquele ano. Em 2010, esse número era de apenas 2,9 mil, o que representa um crescimento de quase 100 vezes em pouco mais de uma década.
Com esse aumento expressivo, os venezuelanos superam os portugueses, que historicamente lideravam o ranking de nacionalidades estrangeiras no Brasil. Agora, os portugueses aparecem na segunda posição, com 104,3 mil residentes.
O movimento migratório venezuelano é resultado da grave crise humanitária enfrentada pelo país vizinho, marcada por instabilidade política, econômica e social. Esse cenário impulsionou um fluxo migratório intenso para o Brasil, sobretudo por meio da fronteira com o estado de Roraima.
População migrante atinge maio número desde 1980, de acordo com Censo 2022
O Censo 2022 registrou cerca de 1 milhão de pessoas nascidas em outros países vivendo no Brasil – quais 793 mil eram estrangeiras e 216,3 mil se naturalizaram brasileiras. Isso representa 0,50% da população nacional e aumento de 70% em relação a 2010, quando foram 592,6 mil estrangeiros e naturalizados.
É também o maior número absoluto desde 1980, quando o país contabilizava 1,11 milhão de pessoas nessa condição. Do total atual, aproximadamente 400 mil chegaram ao país entre 2018 e 2022 — período marcado pela intensificação da migração venezuelana.
Perfil e distribuição
Além dos venezuelanos e portugueses, destacam-se no ranking de nacionalidades os bolivianos (80,3 mil), paraguaios (58,3 mil), haitianos (57,4 mil) e argentinos (42,6 mil). Os latino-americanos respondem por dois terços do total, com 646 mil pessoas.
Entre os migrantes de fora da América Latina, os principais grupos são japoneses (39 mil), italianos (30,2 mil), chineses (23,8 mil), estadunidenses (23,3 mil) e espanhóis (23,1 mil).
No recorte por estados, Roraima lidera em proporção: 12% de sua população era composta por estrangeiros em 2022, ante menos de 1% em 2010. A alta está diretamente ligada à chegada de migrantes venezuelanos.
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Texto: Vitor da Cruz Azevedo – Setor de Conteúdo, Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Adobe Stock.
