
Celebrar Nossa Senhora do Carmo é recordar uma das mais belas manifestações do cuidado materno de Maria sobre seus filhos e filhas espalhados pelo mundo. A devoção a Maria sob esse título remonta ao século XII, no Monte Carmelo, em Israel, terra do profeta Elias, onde um grupo de eremitas viveu em oração, penitência e busca pela intimidade com Deus. Ali nasceu a Ordem do Carmo, que reconheceu em Maria a Senhora do lugar modelo de vida contemplativa e de união com o Altíssimo.
O nome “Carmo” provém do hebraico Karmel, que significa “jardim fértil”. Nesse jardim espiritual, floresceu uma profunda espiritualidade mariana que, ao longo dos séculos, se espalhou por todo o mundo, especialmente por meio da devoção ao Escapulário do Carmo, sinal concreto da consagração a Maria e sua proteção materna.
O Escapulário: Sinal e privilégio
No dia 16 de julho de 1251, segundo a tradição carmelita, a Virgem apareceu a São Simão Stock, então Superior Geral da Ordem Carmelita, e lhe entregou o escapulário, dizendo:
“Recebe, meu filho amado, este escapulário. Isto deve ser um sinal e um privilégio para você e para todos os Carmelitas: quem morrer com o escapulário não sofrerá o fogo”.
O Escapulário não é um amuleto, mas um sinal visível de consagração a Nossa Senhora, um convite à santidade e à vivência de uma fé madura, enraizada nos sacramentos e na caridade. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1671), os sacramentais, a exemplo do escapulário, preparam a alma para receber a graça e dispõem o coração à colaboração com o Espírito Santo.
Os Papas sempre incentivaram a devoção ao escapulário. Pio XII afirmou que ele é “Sinal de proteção da Mãe de Deus nas lutas diárias e penhor da paz prometida”, e São João Paulo II, que usava o escapulário desde a juventude, reafirmou seu valor como expressão de pertença a Maria.
Padroeira do Chile e Estrela do Caminho
No Chile, Nossa Senhora do Carmo é venerada como Padroeira e Generalíssima das Forças Armadas desde 1818. Durante a luta pela independência, os patriotas confiaram a Ela o destino da nação, e como sinal de gratidão, foi construída a imponente Basílica de Maipú, em Santiago. Ali, os fiéis reconhecem Maria como “Estrela do Chile”, que conduz o povo pela esperança, pelo amor e pela fé.
Sua imagem está presente em praticamente todos os lares chilenos, sendo chamada carinhosamente de “la Carmelita”.
Devoção viva no Brasil
No Brasil, a devoção a Nossa Senhora do Carmo foi introduzida no século XVI pelos Missionários Carmelitas. Sua presença é especialmente forte nas regiões Norte e Nordeste, onde são realizadas festas populares, procissões, novenas e tradicional imposição do escapulário, como sinal de fé e entrega à proteção da Mãe do Carmelo.
A devoção se manifesta tanto nas grandes celebrações quanto na simplicidade dos lares e nas orações individuais. Maria do Carmo é invocada como Mãe e Rainha, aquela que guia os filhos ao encontro com Cristo, seu Filho e nosso Salvador.
Modelo e companheira da missão
Para os Missionários de São Carlos – Scalabrinianos, especialmente aqueles que atuam no Chile junto aos migrantes, refugiados e marítimos, Nossa Senhora do Carmo é modelo de vida interior e serviço generoso. Ela caminha com as pessoas em mobilidade humana, consola os aflitos, fortalece os que partem, e ensina-nos a servir com amor, firmeza e ternura.
Celebrar seu dia é renovar a esperança de que Maria caminha conosco, abrindo caminhos, sustentando vocações e conduzindo-nos sempre a Cristo. Que, revestidos de seu escapulário, sigamos firmes na fé, confiantes em sua intercessão e decididos a fazer da nossa vida uma resposta de amor ao chamado de Deus.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Fotografia Religiosa.




