
No 50º dia após a Páscoa, a Igreja celebra com alegria e esperança a Solenidade de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos reunidos com Maria no Cenáculo (At 2,1-4). Este evento marca não apenas o cumprimento da promessa de Cristo — “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade” (Jo 14,16-17) — mas inaugura o tempo da Igreja missionária, enviada ao mundo para anunciar o Evangelho a todos os povos (Mt 28,19-20).
Como afirma São João Paulo II na encíclica Dominum et Vivificantem, “o Espírito Santo permanece o transcendente sujeito protagonista da realização desta obra, no espírito do homem e na história do mundo: Ele, o Paráclito invisível e, simultaneamente, onipresente! O Espírito que sopra onde quer.” (DV, 42).
O Espírito Santo: Dom de Deus e alma da missão
Pentecostes é, por excelência, a celebração do Dom de Deus: o Espírito Santo, que habita na Igreja e em cada batizado, sendo “(...) Um e o mesmo na cabeça e nos membros, unifica e move o corpo inteiro, a ponto de os Santos Padres compararem a Sua ação à que o princípio vital, ou alma, desempenha no corpo humano.” (Lumen Gentium, 7). Ele fortalece os discípulos de Cristo com seus dons e carismas (1Cor 12,4-11), capacitando-os para a missão em todos os tempos e lugares.
A presença do Espírito Santo transforma o medo em coragem, a hesitação em proclamação. É Ele quem abre os corações à fé e faz com que a Palavra de Deus seja compreendida por todos, como no primeiro Pentecostes: “Cada um os ouvia falar em sua própria língua. Estavam todos pasmados, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua das maravilhas de Deus” (At 2,6-11).
O Espírito que inspira a missão junto aos migrantes
Para a Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos, o Espírito Santo é Aquele que suscita a compaixão, ilumina o discernimento e fortalece a entrega na missão com os migrantes, refugiados e deslocados. Ele é força de unidade e reconciliação entre os povos, superando as barreiras de língua, cultura, nação e religião.
São João Paulo II ensina que “Ele introduz a Igreja no conhecimento de toda a verdade, unifica-a na comunhão e no ministério, edifica-a e dirige-a com os diversos dons hierárquicos e carismáticos e enriquece-a com os seus frutos” (DV, 25). Na Missão Scalabriniana, isso se traduz em evangelizar e acolher aqueles que, feridos pelo deslocamento, buscam consolo, justiça e dignidade.
O Espírito que guia, consola e envia
A ação do Espírito é contínua e atual: Ele “ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse” (Jo 14,26). Ele é o Paráclito, o Consolador prometido por Jesus, que nos sustenta nas tribulações e nos conduz com sabedoria nas encruzilhadas da história. Em tempos de crise migratória, guerras e exclusões, a Igreja é chamada a ser sinal da presença do Espírito, defendendo a vida, a dignidade e os direitos dos que mais sofrem.
Como nos recorda o Catecismo da Igreja Católica: “O Espírito Santo, pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo” (CIC, §684).
Celebrar Pentecostes: renovar a abertura ao Espírito
Celebrar Pentecostes é, para os Missionários Scalabrinianos e para toda a Igreja, um chamado à renovação interior e à escuta do Espírito, que continua a agir “onde quer e como quer” (Jo 3,8). É deixar-se mover por Ele na direção de um mundo mais justo, fraterno e sem fronteiras.
Como disse São João Paulo II: “Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio, pelas decisões acerca dos problemas surgidos, e pela escolha dos territórios e povos” (Redemptoris Missio, 21).
Que Maria, Mãe da Igreja e Esposa do Espírito Santo, nos ensine a docilidade e a prontidão
No Cenáculo, Maria estava com os Apóstolos em oração, preparando o coração da Igreja para receber o Espírito Santo. Que Ela nos acompanhe nesta Solenidade de Pentecostes, ensinando-nos a escutar, discernir e seguir os impulsos do Espírito, como fez desde a Anunciação até a Cruz e a Ressurreição.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Giuseppe Nuvolone.




