
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última sexta-feira, 27 de junho, os dados detalhados do Censo 2022. Entre os principais destaques do levantamento, está a intensificação dos fluxos migratórios internos e internacionais no país. Pela primeira vez desde 1991, o estado de Santa Catarina registrou o maior saldo migratório líquido do Brasil, com um crescimento populacional de 354 mil pessoas entre 2017 e 2022, o que representa um acréscimo de 4,66% em sua população total.
Esse dado consolida uma tendência de redistribuição populacional, marcada pela atração que o estado catarinense exerce sobre migrantes de diferentes regiões do país, em especial das regiões Sudeste e Sul. A Região Sul como um todo obteve o maior saldo migratório regional positivo no período, com aproximadamente 362 mil pessoas.
Interiorização e novos destinos
Essa mudança de atração migratória interna, inverte uma lógica histórica em que São Paulo concentrava os maiores fluxos de mobilidade humana. O estado paulista, embora ainda seja o principal receptor de migrantes em números absolutos, registrou pela primeira vez saldo negativo no período: perdeu 826 mil e recebeu 736 mil pessoas, o que resultou em um déficit de 90 mil migrantes, equivalente a uma taxa líquida de -0,20%.
Já o Rio de Janeiro apresentou o maior saldo migratório negativo entre todas as unidades da federação, com perda de 165 mil pessoas no período. O Distrito Federal aparece em seguida, com um saldo de -99,5 mil.
Migração no Nordeste ainda é de saída, mas com mudanças
A Região Nordeste continua sendo a principal origem dos migrantes internos no Brasil, com 10,4 milhões de pessoas vivendo fora de seus estados de nascimento. Desse total, 6,8 milhões migraram para a Região Sudeste, especialmente para São Paulo e Rio de Janeiro.
Entretanto, a Paraíba apresentou um dado inédito: registrou o primeiro saldo migratório positivo desde 1991, com um ganho de 31 mil pessoas entre 2017 e 2022, em sua maioria oriundas de São Paulo (22,3%) e do Rio de Janeiro (20%).
Imigração internacional volta a crescer, aponta Censo 2022
O Censo 2022 também apontou uma mudança importante na tendência histórica da imigração internacional no Brasil. Após décadas de declínio, o número de imigrantes voltou a crescer. O país passou de 592 mil residentes estrangeiros em 2010 para 1 milhão em 2022, um aumento de 70,3%. Trata-se do maior total registrado desde 1980.
Esse crescimento é impulsionado, sobretudo, pela chegada de migrantes latino-americanos, especialmente venezuelanos, que somam 272 mil residentes no país. A proporção de latino-americanos entre os estrangeiros residentes subiu de 27,3% para 72,0% entre 2010 e 2022. No sentido oposto, os fluxos oriundos da Europa e da América do Norte apresentaram queda significativa.
O período mais recente (2018-2022) foi responsável pela maior parte dos imigrantes atualmente residentes no Brasil, com entrada de 399 mil pessoas nascidas no exterior nesse intervalo.
Reconfiguração demográfica
Os dados do Censo 2022 indicam uma reconfiguração da dinâmica demográfica brasileira, tanto em termos de migração interna quanto internacional. Estados tradicionalmente emissores de população passaram a reter ou até atrair migrantes, enquanto destinos históricos como São Paulo e Rio de Janeiro enfrentam redução no saldo migratório.
Santa Catarina, por sua vez, consolida-se como novo polo de atração populacional, em razão de fatores econômicos, qualidade de vida e estabilidade social. O fenômeno reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à gestão integrada da mobilidade humana no território nacional.
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Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Adobe Stock.




