
Mais de 90 milhões refugiados vivem atualmente em países altamente expostos a desastres climáticos, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O número alarmante integra os mais de 120 milhões de deslocados forçados em escala global, refletindo o impacto crescente de eventos meteorológicos extremos sobre populações vulneráveis.
Segundo o Internal Displacement Monitoring Centre (Centro de Monitoramento de Deslocados Internos, em tradução livre), apenas em 2024 foram registradas 45, milhões de deslocações internas provocadas por catástrofes naturais. Ao final do ano, 9,8 de pessoas permaneciam deslocados dentro do próprio país. Os desastres ambientais representaram 70% de todos os novos deslocamentos.
Conforme apontou o ACNUR, a tendência é de agravamento. Projeções indicam que até 2040 o número de países expostos a eventos climatéricos extremos subirá de 3 para 65. Desses, 65 países concentram mais de 40% de toda a população em situação de deslocamento forçado. A lista inclui Brasil, Índia, Iraque, Camarões, Nigéria, Chade e Sudão do Sul.
Entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Brasil e Moçambique estão entre os mais afetados. Em Moçambique, os deslocamentos aumentaram significativamente devido aos conflitos em Cabo Delgado e a desastres naturais recorrentes. O país abriga hoje mais de 1,2 milhão de deslocados internos e 26 mil refugiados.
No Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 deixaram 582 mil pessoas desalojadas, incluindo 43 mil refugiados e solicitantes de proteção internacional, principalmente oriundos da Venezuela, Haiti e Cuba.
Os eventos climáticos extremos impõem desafios crescentes às operações humanitárias, que frequentemente carecem de recursos suficientes para atender às necessidades de preparação, reposta e resiliência das populações afetadas.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
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