Relatório revela aumento do número de migrantes no mundo em decorrência de guerras

Um relatório do Centro de Pesquisa e Estudos Idos, divulgado no dia 29 de outubro, revela um aumento alarmante no número de migrantes forçados. Hoje, cerca de 3% da população mundial, ou 300 milhões de pessoas, vive fora do país onde nasceu. Desde o ano 2000, o número de migrantes forçados disparou de 20 milhões para 120 milhões em 2024, impulsionado por guerras e crises alimentares. Enquanto isso, a Europa tem adotado medidas cada vez mais rígidas para controlar suas fronteiras.

De acordo com uma matéria publicada no portal Vatican News, a pesquisa também destaca que a migração é uma realidade em todas as partes do planeta. No futuro, a população mundial deverá crescer, mas a força de trabalho será desigual, aumentando em países em desenvolvimento e diminuindo nos mais ricos.

As guerras em curso, que somam 52 atualmente, contribuem para o aumento de migrantes forçados. A Síria lidera a lista, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas. O estudo ressalta que muitos migrantes buscam refúgio em países do Sul Global, que abrigam 75% dos deslocados.

As políticas da Europa, no entanto, estão se tornando cada vez mais restritivas, informa o Vatican News. O novo Pacto Europeu sobre Migração e Asilo, aprovado recentemente, visa fechar as fronteiras aos refugiados. O aumento do controle nas fronteiras, como a ação da agência Frontex, tem resultado em mais centros de detenção e um crescimento alarmante no número de mortes de migrantes em rotas perigosas, especialmente no Mediterrâneo, que se tornou a rota mais letal do mundo.

Na Itália, o número de migrantes cresceu para 5,3 milhões no final de 2023, mas a burocracia e as dificuldades legais continuam a dificultar a vida dos estrangeiros, especialmente aqueles que ainda não adquiriram a cidadania. O relatório também aponta que a presença de crianças e adolescentes estrangeiros nas escolas italianas está em alta, representando 10% do total de alunos, mas muitos ainda enfrentam barreiras para se tornarem cidadãos italianos.

Por fim, a pesquisa revela que, no mercado de trabalho, os migrantes frequentemente ocupam empregos não qualificados, e a discriminação por gênero agrava ainda mais a situação, tornando as mulheres imigrantes algumas das mais vulneráveis. A luta por direitos e reconhecimento continua a ser um desafio para muitos migrantes na Europa.

A Congregação dos Missionários Scalabrinianos, que atua no mundo das migrações há cerca de 137 anos, mostra-se preocupada tanto com o aumento exponencial das migrações forçadas devido às guerras, quanto com as drásticas medidas restritivas adotados por muitos Governos. Já em seu tempo, São João Batista Scalabrini comentava esse posicionamento radical de alguns: “Aqueles que desejariam impedir ou limitar a migração, em nome de considerações patrióticas e econômicas (...), ou não raciocinam absolutamente, ou raciocinam como egoístas e como despreocupados. De fato, impedindo-a, transgride-se um sagrado direito humano” (A Migração Italiana na América, Placência, 1887). Na visão de Scalabrini, as pessoas têm o direito de migrar, mas não podem ser forçadas a isso: “Liberdade de migrar, mas não de fazer migrar, porque tanto é boa a migração espontânea, quanto é danosa a forçada”.

Mantendo-se fiel ao pensamento de seu Fundador, os Missionários Scalabrinianos atuam no acolhimento dos migrantes e na sensibilização dos Governos e da sociedade civil para a adoção de uma postura solidária e humanitária na questão das migrações, sobretudo àquela associada às catástrofes naturais e às guerras.


Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação (revisado por Pe. Evandro Antônio Cavalli, CS, Diretor do Departamento Regional de Comunicação).

Foto: Adobe Stock

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria.

Concordo