Integração e esperança: Minha trajetória como voluntária

Sou estudante universitária de História e Gestão Cultural, uma carreira profundamente ligada ao serviço de pessoas e comunidades. Desde 2022, graças ao Pe. Luiz Do Arte, tive o privilégio de colaborar como voluntária na Casa de Acolhida São João Batista Scalabrini.

No início, meu conhecimento do Carisma Scalabriniano era limitado e não estava totalmente consciente da magnitude do problema da migração. No Peru, a rejeição e a indiferença em relação aos que buscam refúgio têm sido uma realidade dolorosa nos últimos anos. No entanto, como migrante em meu próprio país, me senti motivada a analisar e refletir sobre as lutas individuais que cada família e cada pessoa deve superar para seguir em frente, bem como sobre as inevitáveis desigualdades que surgem em uma sociedade cada vez mais individualista.

No decorrer desses anos de voluntariado e da minha imersão no Carisma Scalabriniano, descobri que meus objetivos pessoais como gestora cultural estão perfeitamente alinhados com a missão e a visão de São João Batista Scalabrini. A acolhida, a solidariedade e a defesa da dignidade e do bem-estar das pessoas em mobilidade humana se tornaram pilares fundamentais para mim. Graças às atividades dentro e fora da Casa de Acolhida, pude refletir sobre as necessidades tangíveis dos migrantes e tomar consciência das oportunidades que existem para promover mudanças por meio de iniciativas e projetos socioculturais.

Trabalhar com crianças em oficinas de pintura, sobretudo, tem sido uma das experiências mais enriquecedoras. Ver como a arte se torna uma ferramenta para as crianças expressarem suas emoções e desenvolverem sua criatividade me permitiu entender a importância da arte na cura e no fortalecimento da identidade. Essas oficinas não só permitiram me conectar com as crianças, mas também aprender com elas e com sua resiliência.

Além disso, participar de oficinas de psicologia me ajudou a ter uma visão mais profunda do impacto emocional do processo migratório. Esses encontros me proporcionaram ferramentas valiosas para apoiar melhor as pessoas em mobilidade, compreendendo suas necessidades emocionais e como podem ser abordadas por meio de um enfoque holístico que inclui arte, cultura e acompanhamento psicológico.

Tive a sorte de conhecer e trabalhar com pessoas extraordinárias que me ajudaram a crescer pessoal e espiritualmente. Desde os diretores, que foram compreensivos e permitiram que eu combinasse meus estudos universitários com o trabalho social, até os sacerdotes com quem discuti filosofia, diferenças culturais e até mesmo os consultei sobre sua vocação. Também compartilhei viagens de van com voluntárias de outros países para distribuir materiais em diferentes paróquias da cidade, experiências que guardo com muito carinho.

Além disso, compreendi a grande importância da cooperação internacional e das pessoas que trabalham nessas organizações, que são fundamentais para a execução da nossa missão. Trabalhar com elas na preparação de relatórios me permitiu entender melhor a situação de cada pessoa atendida. Da mesma forma, conversar com jovens agentes de mudança em meu país, que contribuem com seus conhecimentos e projetos para a melhoria social, me inspirou a seguir em frente com mais determinação.

Sou profundamente grata por essa oportunidade e me comprometo a usar minhas habilidades em gestão cultural para promover a integração e a resiliência das pessoas por meio da arte e da música.

E a você, jovem que está lendo isto, incentivo-o a colocar sua vitalidade, seus dons e habilidades a serviço daqueles que mais precisam. Atreva-se a fazer a diferença e a ser um agente de mudança na vida dos outros.


Texto: Sabelia Pérez Sancho.

Foto: Arquivo Regional da RNSMM.

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