
No próximo dia 12 de janeiro, celebramos a Solenidade do Batismo de Jesus, um momento fundamental na vida de Cristo e na história da salvação. Este evento, que marca o início da missão pública de Jesus, é carregado de significados profundos que iluminam o caminho da Igreja e das comunidades cristãs. Ao refletirmos sobre o Batismo de Jesus, somos convidados a pensar sobre a solidariedade, o acolhimento e a missão, valores que são também pilares da Missão Scalabriniana.
O Batismo de Jesus no rio Jordão não foi apenas um rito, mas um gesto de profunda solidariedade com a humanidade. Ao se submeter ao batismo de João Batista, Jesus se coloca entre os pecadores, assumindo a nossa condição humana em sua totalidade. Ele se faz solidário com aqueles que, como todos nós, precisam de graça e redenção. Esse momento, que marca o início de sua missão pública, revela a disposição de Jesus para entrar no sofrimento humano e assumir a responsabilidade pelo bem de todos.
No ato de ser batizado, Jesus também se manifesta como servo, aquele que vem para servir e não para ser servido. O Batismo de Jesus, portanto, é um gesto de humildade, que nos desafia a viver com os mesmos princípios: nos colocarmos ao lado dos que sofrem, dos marginalizados, dos excluídos, e a buscar, com Cristo, a renovação e a reconciliação do mundo.
Quando refletimos sobre a missão de Jesus e sua escolha de se identificar com os mais necessitados, somos convidados a olhar para o fenômeno da migração. A mobilidade humana é, em muitos casos, uma realidade de sofrimento, de perda e de busca por uma nova oportunidade de vida. Milhões de pessoas em todo o mundo são forçadas a deixar seus lares, seja por guerra, perseguição, pobreza extrema ou mudanças climáticas. Em cada um desses migrantes, contemplamos a humanidade que carece de dignidade e de acolhimento.
O Carisma Scalabriniano é um reflexo claro da atitude de Jesus de se colocar ao lado da humanidade que busca vida nova. Desde a sua fundação, a Congregação dos Missionários de São Carlos - Scalabrinianos tem se dedicado a acompanhar, apoiar e acolher os migrantes e refugiados ao redor do mundo. A missão dos Scalabrinianos é, antes de tudo, uma missão de acolhimento e solidariedade, inspirada no próprio gesto de Jesus que, ao ser batizado, se coloca no centro da história de redenção, assumindo a fragilidade humana, trazendo esperança.
Assim como o Batismo de Jesus é um sinal de sua vontade de se identificar com a humanidade em todas as suas dimensões, os Scalabrinianos têm como missão colocar-se ao lado dos migrantes em suas necessidades mais profundas, seja na busca por abrigo, alimentação, direitos ou dignidade humana.
Neste momento da Solenidade do Batismo de Jesus, somos chamados a refletir sobre nossa própria missão como cristãos e como Igreja. A pergunta que nos surge é: como estamos respondendo ao chamado de Jesus para servir e acolher os mais necessitados? Em nossa época, isso se reflete de maneira particularmente urgente no acolhimento dos migrantes, que representam, como Jesus, uma comunidade que sofre e busca uma nova oportunidade.
O Carisma, gerado no coração de São João Batista Scalabrini, nos lembra que o acolhimento não é apenas uma questão de assistência, mas também de reconhecimento da dignidade humana. A migração não é apenas um movimento físico de deslocamento, mas também um processo de renovação, de busca por um futuro melhor, e muitas vezes, um sacrifício em busca de uma nova oportunidade de vida. Como Igreja, somos chamados a ser instrumentos de reconciliação, ajudando os migrantes a se integrarem e reconstruírem suas vidas com esperança e dignidade.
A Missão Scalabriniana é, assim, uma continuidade da missão de Cristo no mundo, que, ao ser batizado, se torna o modelo de acolhimento para todos nós. O acolhimento aos migrantes é, na verdade, um ato de fé, que nos aproxima de Cristo e dos seus ensinamentos. Como discípulos e missionários, somos chamados a ser pontes e caminhos para aqueles que, como Jesus, buscam uma nova terra, um novo lar, e a oportunidade de renascer.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Bartolomé Esteban Murillo.