
No dia 9 de outubro de 2025, celebramos três anos da canonização de São João Batista Scalabrini, fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos. A data recorda não apenas o reconhecimento oficial da santidade de um bispo italiano, mas a confirmação de uma vida inteiramente dedicada ao Evangelho e aos migrantes, em quem ele via o próprio Cristo peregrino.
A cerimônia de canonização foi realizada em 9 de outubro de 2022, na Praça São Pedro, celebrada pelo Papa Francisco, convertendo-se em um marco para toda a Família Scalabriniana (Missionários, Irmãs, Consagradas e Leigos) e para toda a Igreja, que encontrou nele um modelo de pastor capaz de unir fé, caridade e compromisso social.
A santidade reconhecida pelo povo de Deus
Antes de ser reconhecido oficialmente como santo, Scalabrini já era amado e venerado pelo seu povo. Após sua morte, em 1905, sua fama de santidade cresceu espontaneamente entre os fiéis da Diocese de Piacenza, que o lembravam como um bispo profundamente unido a Cristo e aos pobres, especialmente aos migrantes.
Essa fama, nascida da devoção popular, é o primeiro passo de qualquer processo de canonização. O povo de Deus reconhece, antes mesmo da hierarquia da Igreja, o testemunho de vida de quem viveu de modo radical o seguimento de Jesus Cristo.
Um processo movido pela fé e pela verdade
O processo de canonização de Scalabrini teve início em 1936, com a abertura da fase diocesana, conduzida por Dom Ersilio Menzani em Piacenza. Nessa etapa, foram recolhidos documentos, escritos e testemunhos que comprovavam suas virtudes e sua vida de dedicação total a Deus e aos migrantes. Ao final da investigação, Scalabrini recebeu o título de Servo de Deus.
Anos depois, ao chegar à fase romana, a Congregação para as Causas dos Santos analisou detidamente todos os documentos, reconhecendo em Scalabrini a prática das virtudes cristãs em grau heroico. Assim, em 16 de março de 1987, o Papa São João Paulo II o declarou Venerável, afirmando que sua vida era digna de imitação por todos os fiéis.
O passo seguinte veio com o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão: a cura inexplicável da Irmã Paolina. Após rigorosos exames médicos e teológicos, o milagre foi aprovado e, em 9 de novembro de 1997, João Paulo II proclamou Scalabrini Bem-aventurado, durante uma solene celebração na Praça São Pedro.
Um santo para os tempos de migração
A canonização, celebrada 25 anos após a beatificação, foi o coroamento de um caminho de fé e reconhecimento. Durante o Ano Scalabriniano, em 2022, a Família Scalabriniana intensificou suas orações e ações de graças. E em 21 de maio, o Papa Francisco autorizou a dispensa do segundo milagre, permitindo que a canonização se realizasse naquele mesmo ano.
Na cerimônia, o Papa recordou que São João Batista Scalabrini foi um pastor com olhar de profeta, capaz de ver nas migrações não apenas um fenômeno social, mas um sinal dos tempos. Sua vida e missão recordam à Igreja que todos os batizados são chamados a cuidar dos migrantes, pois “ninguém é estrangeiro na comunidade cristã”.
O postulador da causa, Pe. Graziano Battistella, CS, ressaltou na ocasião que Scalabrini “não apenas amou os migrantes, mas fez da migração uma via de santificação”.
Três anos de graça e missão
Três anos após a canonização, a santidade de vida de São João Batista Scalabrini permanece como testemunho vivo nas inúmeras obras e missões que continuam a nascer de seu carisma. Casas de acolhida, centros de atenção ao migrante, comunidades paroquiais e projetos sociais em todo o mundo dão continuidade à sua proposta cristã de servir os migrantes.
Celebrar este aniversário é, portanto, renovar o compromisso de seguir seu exemplo: De um bispo que fez da mobilidade humana um caminho de santidade e que, ainda hoje, ensina à Igreja que o amor a Cristo se expressa no amor concreto ao próximo.
Neste 9 de outubro, a Igreja e toda a Família Scalabriniana elevam sua ação de graças por este dom. São João Batista Scalabrini, pai e apóstolo dos migrantes, continua a inspirar gerações a olhar para o mundo com os olhos do Evangelho e a fazer da vida um dom em movimento.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, setor de conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Arquivo Regional.




