
A Quaresma é um tempo de reflexão e conversão. Este período litúrgico nos convida a renovar nossa fé e a fortalecer nossa esperança em Cristo, que nos guia em direção à Páscoa, à Ressurreição. Para a Quaresma de 2025, o Papa Francisco nos oferece uma mensagem profundamente tocante, que destaca a importância da “caminhada conjunta” na esperança, especialmente diante das dificuldades que marcam a vida de muitas pessoas ao redor do mundo. Em um contexto de crescente desigualdade e tragédias humanas, ele nos chama a refletir sobre o sofrimento das pessoas vulneráveis e marginalizadas. Nesse contexto, podemos falar dos nossos irmãos migrantes.
A mensagem do Papa é, ao mesmo tempo, um convite e um desafio. Suas palavras nos lembram que, assim como o povo de Israel percorreu um longo caminho no deserto em busca da Terra Prometida, os migrantes de hoje também enfrentam um trajeto árduo, cheio de perigos, humilhações e sofrimento. A travessia do deserto que o Papa menciona não é apenas um símbolo bíblico, mas uma realidade viva para milhares de pessoas que cruzam fronteiras, enfrentam o desconhecido, na esperança de um futuro melhor.
Devemos reconhecer os desafios enfrentados pelos migrantes e refugiados, muitas vezes tratados como invisíveis. O sofrimento desses irmãos e irmãs é, segundo as palavras do Santo Padre, um chamado à conversão. Devemos, como cristãos, questionar nossas próprias atitudes diante da migração e da exclusão social. Será que estamos acolhendo? Estamos ajudando ou fechando os olhos àqueles que mais precisam?
O tema central da Quaresma de 2025, portanto, é a solidariedade. Papa Francisco exorta a Igreja e os fiéis a se engajarem em ações concretas de acolhimento, serviço e apoio. “Caminharmos juntos na esperança” implica não apenas orar, mas agir em favor dos necessitados. O tempo da Quaresma nos desafia a viver a fraternidade de maneira profunda e transformadora, reconhecendo Cristo em cada irmão e irmã, especialmente aqueles que mais sofrem e se encontram em situações de vulnerabilidade.
Uma Realidade de Esperança e Desafios
Papa Francisco sempre nos alertou que o fenômeno da migração não deve ser visto como uma ameaça, mas como uma oportunidade para vivermos a nossa fé de maneira autêntica e desinteressada. As Escrituras Sagradas nos ensinam que, em Cristo, todos somos irmãos e irmãs, chamados a viver em solidariedade. No entanto, o atual contexto global, marcado por conflitos, crises econômicas e desigualdades sociais, cria um cenário onde muitas pessoas são forçadas a deixar seus lares em busca de um futuro mais digno. A migração, muitas vezes, é acompanhada por experiências de violência, exploração e perda.
O Bispo de Roma enfatiza que a migração não é apenas um problema sociopolítico, mas um apelo moral e cristão. Como Igreja, somos convidados a reconhecer o valor da dignidade humana de cada migrante, sem discriminação ou preconceito. O acolhimento não deve ser apenas de palavras, mas deve se traduzir em ações concretas, seja oferecendo abrigo, assistência legal, cuidados médicos ou, ainda mais importante, dando ao migrante um sentido de pertencimento, uma sensação de ser parte de uma comunidade.
A Caridade como Caminho de Conversão
Ao refletirmos sobre a Quaresma, o Papa nos chama a lembrar que o serviço ao próximo é o caminho mais eficaz para viver a verdadeira conversão cristã. O convite a servir é, na verdade, um convite a seguir o exemplo de Cristo, que se fez servo de todos, colocando-se ao lado dos marginalizados, dos enfermos, dos pobres e dos pecadores.
Em sua mensagem, Francisco nos recorda que cada ato de misericórdia e solidariedade é um reflexo do amor de Deus por nós. A Quaresma, com seus exercícios espirituais de jejum, oração e caridade, é um tempo em que somos chamados a nos desprender dos nossos próprios egoísmos e a olhar para o outro com compaixão. O serviço ao próximo, especialmente aos migrantes, é uma maneira concreta de vivermos a nossa fé, de nos identificarmos com Cristo, que se fez “o último de todos” para nos ensinar o verdadeiro significado de servir.
Sigamos o exemplo de Cristo, acolhendo os migrantes, servindo ao próximo e vivendo a nossa fé com esperança viva, para que, ao final da Quaresma, possamos nos aproximar ainda mais de Deus e de nossos irmãos, na espera pela Ressurreição de Cristo, que é a nossa verdadeira esperança.
Leia a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2025, clique aqui.
Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.
Foto: Adobe Stock.