A vida que vence a morte

Em meio a um mundo ferido por guerras, deslocamentos forçados e tantas formas de morte cotidiana — física, espiritual e existencial — a Igreja anuncia, com a força de um grito eterno: Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! A Ressurreição do Senhor é o centro da fé cristã, a chave de leitura da história e a esperança inquebrantável que sustenta a missão da Igreja no mundo.

“A vida venceu a morte!” — esta verdade pascal ecoa desde o túmulo vazio de Jerusalém até os confins da terra. Conforme proclama São Paulo, “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1Cor 15,14). Mas Ele ressuscitou! E por isso, a morte já não tem a última palavra. Em Jesus, morto e ressuscitado, todas as dores humanas encontram sentido, e todo sofrimento é transformado em possibilidade de redenção.

Ressurreição: a resposta definitiva do amor

A Ressurreição de Cristo não é apenas um evento do passado; é um acontecimento que atravessa os séculos, atualizando-se a cada dia na vida da Igreja. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “A Ressurreição de Jesus é a culminância da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, bem como tudo o que Ele fez e ensinou” (CIC, 651). Nela se revela o poder do amor divino, que tudo transforma, que tudo renova.

Essa vitória da vida sobre a morte é também a confirmação da promessa: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). É a resposta definitiva de Deus diante das trevas do pecado, da dor dos migrantes, do luto das famílias, da desesperança dos pobres. No Cristo Ressuscitado, a humanidade encontra não apenas consolo, mas força, coragem e missão.

A esperança que caminha com os pobres e migrantes

Essa vitória da vida assume um rosto concreto: o rosto do migrante. Em cada homem ou mulher forçado a partir, em cada criança separada de sua terra, há um clamor que atravessa o silêncio do mundo e encontra eco no coração do Ressuscitado.

São João Batista Scalabrini, Pai dos Migrantes, compreendia profundamente essa esperança que se move. Ele via nos migrantes uma esperança pascal — porque mesmo entre as perdas e mortes simbólicas que as pessoas em mobilidade enfrentam, há sempre uma promessa de vida nova.

Uma Páscoa para o mundo inteiro

A vitória da vida sobre a morte não é apenas um dogma proclamado, mas uma realidade a ser vivida. Cada gesto de amor, cada ponte construída, cada mão estendida a um irmão ferido é testemunho de que a Ressurreição continua a acontecer. O túmulo está vazio, e é no coração dos fiéis que o Ressuscitado quer habitar.

Neste tempo pascal, renovemos nossa fé com as palavras de Santo Agostinho: “A fé na Ressurreição de Cristo transforma os fiéis em pessoas novas, que vivem como ressuscitados” (cf. Sermão 229L).

E enquanto caminhamos ao lado dos migrantes, dos pobres, dos esquecidos, renovemos nossa missão com alegria: Cristo vive! E onde Ele está, a vida floresce, a esperança ressurge, e nenhuma noite é eterna.


Texto: Vitor da Cruz Azevedo, Setor de Conteúdo do Departamento Regional de Comunicação.

Foto: Adobe Stock.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria.

Concordo