A Igreja Católica, sendo universal, reflete a unidade de Cristo com o Pai e o Espírito Santo e, ao mesmo tempo, a diversidade de culturas e expressões de fé. A universalidade da Igreja se inspira no mistério trinitário, no qual Deus é um em três pessoas e as três pessoas se amam eternamente. O amor é o fundamento desse vínculo, uma expressão que pertence à sua essência. Como o “corpo místico” de Cristo, a Igreja tem diferentes missões de acordo com o carisma de cada membro. E, por meio de seus membros, ela é o instrumento da missão universal, levando a mensagem de amor e de salvação a todas as pessoas.

O Concílio Vaticano II lembrou a universalidade da missão da Igreja, que “se esforça para proclamar o Evangelho a toda a humanidade, baseia-se no mandamento explícito de Cristo e nas exigências radicais da catolicidade da Igreja” (Ad Gentes, 1). Jesus disse a seus discípulos: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc 16,15). Esse mandato rompe as fronteiras culturais e geográficas. O Mestre dos missionários nos mostra um novo horizonte da missão, uma missão universal “até os confins da terra” (At 1,8). Os cristãos são chamados a serem missionários do Evangelho e mensageiros do amor sem fronteiras. A missão não se limita a um grupo específico de pessoas ou lugar. Todos somos convidados a participar da missão de anunciar o amor de Deus ao mundo.

O lema deste Ano Jubilar 2025: “Peregrinos da Esperança” nos desafia e incentiva a continuar nossa jornada rumo à terra prometida. O Papa Francisco também escolheu o tema para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados deste ano: “Migrantes, Missionários da Esperança”. Esses dois lemas estão em harmonia, pois, como peregrinos, também somos chamados a ser missionários da esperança. O que implica sair de si mesmo para o encontro, não apenas com aqueles que estão próximos de nós, e nos tornarmos próximos daqueles que não conhecemos, como o “Bom Samaritano”, que rompe barreiras políticas, culturais e religiosas, porque o amor de Deus não tem limites. Portanto, como filhos de Deus, temos de amar os outros sem limites.

A Congregação Scalabriniana assume a missão da Igreja com os irmãos e irmãs migrantes, que consiste em peregrinar junto com eles e buscar a solução mais adequada de acordo com os novos desafios e os problemas desafiadores da migração. A migração é uma realidade antiga e atual. Portanto, a missão que é realizada é sempre um novo começo, pois, pode-se dizer que os problemas da migração exigem respostas novas, porque o mundo da migração muda rapidamente e, se quisermos permanecer relevantes, temos de nos adaptar e buscar novas respostas para os problemas que enfrentamos. É por isso que o serviço aos migrantes é uma missão sem fronteiras e exige grande comprometimento.

A universalidade da missão Scalabriniana tem seu significado no amor sem limites. Mas hoje em dia, falar de amor pode parecer fora de lugar, porque vivemos em meio à violência, à guerra, à discriminação, à pobreza e tantas coisas que empurram o ser humano para um lado e, ao mesmo tempo, o valor do amor ao outro. Entretanto, não é impossível viver o valor do amor. Ele é o núcleo fundamental no serviço aos outros, mesmo que a mensagem de amor que foi dada à sociedade seja reduzida e pouco praticada. Como missionários da esperança, esse desafio seria um “tempero” que nos desafia a crescer na missão para que possamos dar frutos de amor no devido tempo. O missionário, afirma São João Paulo II, é convidado a acreditar no poder transformador do Evangelho e a anunciar a conversão ao amor e à misericórdia de Deus.

A expressão mais visível do amor para com os migrantes é a acolhida. Ela engloba tudo o mais, pois não há proteção, promoção e integração sem acolhimento. A acolhida é uma virtude na vida cristã e tem sido praticada desde os tempos antigos do povo de Israel. Além disso, é um momento privilegiado de encontro para compartilhar, colocar uma necessidade em comum e buscar juntos soluções alternativas. Acolher o estrangeiro é acolher o próprio Cristo (Mt 25,35). Uma verdadeira acolhida aos estrangeiros, baseada no amor, pode transformar vidas, transformar a tristeza em alegria e também curar suas feridas e doenças.

A missão de acolher é dificultada por ideologias e sistemas políticos opressivos, leis de migração que não são favoráveis aos migrantes, o fechamento de fronteiras e a discriminação. Essas questões são as pedras de tropeço de nossa missão, e estamos sempre caminhando contra a maré. É aqui que temos de mostrar o amor que não tem fronteiras, sair do “nosso eu” para o encontro com os outros por meio do diálogo fraterno com as autoridades, e é necessário dialogar verticalmente com o “Dono” da missão.

E, no final, como diz a encíclica Redemptoris Missio 21, sabemos que, no momento culminante da missão messiânica de Jesus, o Espírito Santo se torna presente como aquele que deve continuar a obra da salvação. Sem dúvida, essa missão é confiada por Jesus aos Apóstolos, e o Espírito Santo permanece o protagonista transcendente da realização dessa obra no espírito do homem e na história do mundo. A certeza dada pelo Senhor de que nessa tarefa não estamos sozinhos, mas que recebemos a força e os meios para realizar a missão. Nisso está a presença e o poder do Espírito e a assistência de Jesus.


Texto: Pe. Albertus Baba, CS.

Foto: Adobe Stock.

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