
Latino-Americano, argentino e netos de imigrantes! O que o Papa Francisco diz sobre os refugiados e migrantes? Escolhemos três preciosas lições que nos ajudarão a compreender e agir diferente com relação a esse drama vivido por muitos irmãos e irmãs.
Então, ele se chama Jorge Mario Bergoglio; nasceu em Buenos Aires, no dia 17 de Dezembro de 1936, filho de Mário e Regina Sivori; neto de imigrantes italianos que chegaram à Argentina em 1927, acompanhados dos seis filhos, entre eles, Mário, o pai do papa.
Ordenado sacerdote jesuíta, depois sagrado Arcebispo de Buenos Aires e criado cardeal em 21 de fevereiro de 2001 por João Paulo II, no dia 13 de março de 2013, foi eleito o 226.º Papa da história com o nome de Francisco em homenagem ao santo.
E eis o que disse em sua homilia de posse no dia 19 de março de 2013:
“Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos. Eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados…”
Logo, esta guarda se refere também a cada refugiado e migrante.
Assim também com 33 viagens ao exterior e visitas a 52 países desde sua eleição, o santo Padre tem muito a nos ensinar sobre a situação dos refugiados e migrantes! Acompanhe conosco neste post.
Papa Francisco sobre os refugiados em Marrocos: acolher, proteger, promover e integrar
Em visita ao Reino de Marrocos, em 2019, o Papa Francisco demonstrou a sua dor e preocupação com relação aos refugiados e migrantes. “Uma ferida que brada ao céu; não queremos que a indiferença e o silêncio sejam a nossa resposta”, diz o pontífice em sua homilia.
Diante das palavras comoventes, ele destaca o progresso dos povos a nível tecnológico e econômico, mas alerta que o desenvolvimento não pode priorizar apenas isso, mas prezar pela dignidade humana, porque esse é o rosto que a humanidade irá expressar.
Portanto, o Papa propôs quatro verbos que sintetizam várias ações em benefício dos migrantes, são eles:
- Acolher, diz o Papa, significa, antes de tudo, oferecer a migrantes e refugiados possibilidades mais amplas de entrada segura e legal nos países de destino; Isso implica dar suporte legal na entrada, permanência e até a saída deles dos países;
- Proteger significa assegurar a defesa dos direitos e da dignidade dos migrantes e refugiados, independentemente da sua situação migratória, ou seja, garantir assistência médica, psicológica e social básica para socorrer quem deixa tudo;
- Promover significa assegurar a todos, migrantes e residentes, a possibilidade de encontrar um ambiente seguro onde se possam realizar integralmente. Esta ação parte do reconhecimento de que cada pessoa é única, não é substituível e nem descartável, precisa ser ouvida em sua língua e respeitada culturalmente.
- Integrar significa empenhar-se num processo que valorize, simultaneamente, o património cultural da comunidade que acolhe e o património dos migrantes, construindo assim uma sociedade intercultural e aberta.
Ao final, o Papa declara que a Igreja sabe das angústias vividas pelos que abandonam seus países e que caminha e sofre com cada um.
O papa nos ensina sobre ter empatia com os refugiados e migrantes
O ano de 2021 foi especialmente dedicado a São José pelo Papa Francisco devido às comemorações do aniversário de 150 anos do reconhecimento do santo como padroeiro da Igreja. Então, o Santo Padre aproveitou a oportunidade para colocar São José como modelo de refugiado e migrante.
A família de Nazaré, diz o Papa, experimentou o sofrimento, a humilhação, a dor de deixar sua pátria para proteger o salvador. A fuga de José para o Egito com Maria e Jesus, para escapar das atrocidades de Herodes, retrata a realidade vivida por muitos refugiados e migrantes hoje.
Segundo o Pontífice, Herodes é o símbolo da tirania em nome do poder. Pois para defender seu ego, ele manda matar até as crianças que encontra à sua frente. E essa atitude se repete hoje. Em nome de interesses pessoais, os governantes desconsideram a vida dos civis e agem com violência e desrespeito à dignidade humana.
Assim, ele apresenta São José como o migrante perseguido e corajoso e diz:
“Podemos imaginar as peripécias que teve de enfrentar durante a longa e perigosa viagem, e as dificuldades que enfrentou durante a permanência num país estrangeiro, com outra língua: inúmeras dificuldades!”
Porém, a lição que José nos deixa hoje, diz o Papa, é que vencemos o medo com a coragem na Divina Providência. E ao mesmo tempo, ele nos convida a rezarmos por todos os perseguidos, refugiados, migrantes, nos colocando no lugar de cada um deles, lembrando da Sagrada Família que sofreu as mesmas dores.
Construir o futuro com os migrantes e os refugiados
Em sua mensagem para o 108º dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2022, O papa afirma que estamos em busca da verdadeira pátria; onde todos participamos; somos construtores, mas isso requer participação e conversão de todos.
Portanto, a instalação do reino de Deus é um processo de transformação da mentalidade a partir do evangelho que nos fez todos irmãos e irmãs; um lugar onde a paz e a dignidade falem mais forte, em vista da diminuição da desigualdade e discriminação no mundo.
Sendo assim, o reino de Deus se dá pela inclusão e não exclusão dos migrantes e refugiados. E o pontífice destaca no documento:
“Ninguém deve ser excluído. O plano divino é essencialmente inclusivo e coloca, no centro, os habitantes das periferias existenciais. Entre estes, há muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano.”
Dessa forma, a inclusão dos vulneráveis, entre eles refugiados e migrantes, é indispensável para alcançar a plena cidadania e “construir o futuro com os migrantes e os refugiados significa reconhecer e valorizar tudo aquilo que cada um deles pode oferecer ao processo de construção'', enfatiza o Papa Francisco.
Portanto, a contribuição dos povos no processo de construção de uma nação, favorece a aprendizagem; enriquece a diversidade de cultura e saberes e promove a maturidade da humanidade que se dá a partir de uma colaboração comum.
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