Padres que acolheram Scalabrini em 1904 (Parte I): Pe. Marco Simoni (1867-1952)

Por ocasião dos 120 anos da visita do Santo Fundador ao Brasil, hoje vamos conhecer um importante missionário Scalabriniano para o Estado de São Paulo, que acolheu e acompanhou com muito carinho, o Fundador, São João Batista Scalabrini em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Marco Simoni nasceu em Fara Vicentina em 02 de fevereiro de 1867. Começou os estudos no Instituto fundado pelo Mons. Mander, de onde passou para a Congregação dos missionários de São Carlos.

Foi ordenado sacerdote pelo próprio Fundador, São João Batista Scalabrini, em 08 de junho de 1895. Recebeu como destinação o Brasil, tornando-se um dos primeiros missionários no Estado de São Paulo. De fato, o primeiro missionário Scalabriniano em São Paulo foi o Venerável Pe. Giuseppe Marchetti, uma vez que o Pe. Colbachini, embora tenha visitado algumas fazendas no Estado, não conseguiu preparar a missão. Pe. Marchetti, ainda que tenha solicitado um companheiro para a missão aberta por ele, permaneceu sem nenhum missionário até a véspera da sua morte, quando finalmente chegou o Pe. Natale Pigato. Mas no dia 14 de dezembro de 1896 o primeiro missionário em São Paulo faleceu.

Com a morte do diretor do orfanato, Dom Scalabrini nomeou o Pe. Faustino Consoni diretor e o P. Marco Simoni como vice-diretor. Pe. Marco Simoni, partindo da Itália em 16 de janeiro de 1897, trouxe a carta de Dom Scalabrini com as nomeações. Após uma breve estada no Paraná, o Pe. Marco chegou a São Paulo com o Pe. Faustino Consoni, em 4 de março de 1897.

Deste modo, foi o braço direito do Pe. Faustino Consoni no Orfanato, que significava na prática, entregar-se de corpo e alma à árdua missão de prover o necessário para o funcionamento das duas casas, o que constituía meses de missão entre os italianos nas fazendas, celebrando, realizando todos os sacramentos, inclusive crismas, e angariando donativos para o Orfanato.

Em 1904, durante a visita do Fundador, São João Batista Scalabrini, ao Brasil, Pe. Marco foi quem acolheu o Fundador ainda no Rio de Janeiro, o acompanhou depois ao Paraná e ao Rio Grande do Sul. Nessa viagem, o Fundador lhe confiou a missão entre os indígenas do Tibagi, e foi ele quem começou a evangelização daquela vasta região, que na época era semideserta e inexplorada. Esta missão Scalabriniana com os indígenas em Tibagi durou até 1911, quando foi entregue aos Estigmatinos.

Dom Scalabrini, retornando à Itália, a bordo do navio Sardenha, escreve uma carta ao Pe. Marco Simoni, em 17 de novembro de 1904, revelando a sua alegria pela abertura missionária com o povo indígena no Paraná e a possível abertura de um Instituto para os surdos-mudos:

Querido Pe. Marco,

A sua carta me trouxe grande conforto. Os nossos desejos estão se realizando e você está na sonhada Tibagi. Deus lhe conceda graças abundantes e especiais e o torne um daqueles operários inconfundíveis — que levam o mistério da fé numa consciência pura — Eu estarei sempre perto de você com o coração, com o espírito e com minhas pobres orações. Escreva-me logo e escreva de qualquer jeito sem preocupar-se com a forma, eu mesmo corrigirei, se for necessário, e as notícias servirão para o nosso pequeno jornal. Será a parte mais importante e a mais edificante. A sua missão e o instituto dos surdos-mudos serão duas lembranças felizes da minha viagem.

Adeus, meu querido Marco. O campo confiado a você é grande, é bonito: coragem e fé no Senhor e na Imaculada sua e nossa Mãe. Abraço-o com o beijo santo; peço as suas orações e abençoo com muito prazer do fundo do coração, a você, aos seus paroquianos e também aos pobres índios, que Deus chame logo à fé por seu intermédio.

Depois da sua breve missão em Tibagi, Pe. Marco Simoni retornou a São Paulo, e em 1908 assume a direção da Igreja Santo Antônio, onde fica até 1912, quando deve voltar à Itália por questões de saúde. Retorna em 1913 na condução da Igreja Santo Antônio até 1919, quando assume a direção do Orfanato Cristóvão Colombo. Em 1928 o Pe. Simoni é nomeado pároco da Paróquia São José de Ribeirão Pires, onde permaneceu até 1941.

Depois de anos de serviço missionário, passou os seus últimos tempos, já quase cego, no orfanato de Vila Prudente: onde foi capelão das irmãs Scalabrinianas. Morreu em 25 de maio de 1952, depois de 55 anos de trabalho pastoral, aos 85 anos. Pe. Simoni era um homem de Deus, uma figura que quase se tornou uma lenda. Lutou com todas as suas forças pelo bem espiritual e temporal dos pobres emigrantes, muitos perseguidos pelos patrões.

Conheceu bem o Fundador, São João Batista Scalabrini, além de ter sido ordenado por ele, foi enviado a abrir a missão com os indígenas no Paraná, dedicou a maior parte da sua vida missionária aos migrantes italianos e às crianças do Orfanato Cristóvão Colombo.

Pe. Marco Simoni fez parte daquele grupo seleto de homens decididos a acompanhar os migrantes, aonde quer que fossem, para defendê-los, animá-los e ajudá-los na nova pátria.


Pe. Marco Simone acompanhou Dom Scalabrini no Brasil, desde Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul, na foto ao lado de Scalabrini.


Texto: Oscar Maldonado

Fotos: Acervo Regional - RNSMM

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