
São João Batista Scalabrini, embora sacerdote diocesano, possuía um coração missionário como os religiosos consagrados. Estes, emitindo os votos de pobreza, castidade e obediência, estão livres para sair pelo mundo, em nome de Jesus, para anunciar a Boa Nova. Recém ordenado padre (1863), João Batista Scalabrini, viajou até Milão a fim de fazer parte do PIME (Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras), pois desejava ser missionário na Índia. No entanto, o seu bispo argumentou que precisava dele na diocese, então teria pronunciado a famosa frase que Scalabrini guardou no seu coração: “Tuas Índias são a Itália”. Aos seus jovens missionários que partiam para as terras de missão, Scalabrini repetia: “É com inveja, amados jovens e filhos, que vos vejo partir para terras longínquas”.
Scalabrini, como bispo de Piacenza, respondendo ao dramático apelo da migração, mais uma vez teve a oportunidade de viver a missionariedade, própria da vida consagrada. Ao fundar primeiro a Congregação dos Missionários de São Carlos (1887), e mais tarde das Missionárias de São Carlos (1895), pôde vivenciar indiretamente em cada um de seus filhos missionários os desafios e a beleza da missão. A sua obra em favor dos emigrantes começou como um Instituto Apostólico, constituído de sacerdotes dispostos a doar a sua vida para essa causa.
O primeiro Regulamento da Congregação dos Missionários para os migrantes (1888) exortava-os a seguir o modelo da vida consagrada: “Todos os que são admitidos a fazer parte do Instituto devem estar bem compenetrados da ideia de que, por cinco anos, se obrigam a viverem como verdadeiros religiosos, animados de zelo pela salvação das almas, de espírito de sacrifício e de desprendimento dos bens e da glória mundana e penetrados de sentimentos de vivo amor e de obediência ilimitada ao Romano Pontífice, aos Superiores do Instituto e aos ordinários dos lugares, onde exercerão o seu sagrado ministério”.
Passados poucos anos (1894), Dom Scalabrini percebeu que a sua Congregação de Missionários devia ser uma Comunidade apostólica de religiosos inserida na atividade missionária e decidiu pela introdução dos votos perpétuos: “...Creio necessário introduzir os votos simples, mas perpétuos... Portanto é de máxima importância que sejam convocados aqueles que já partiram, sem terem feito os votos e que sejam substituídos por outros, que por terem feito o noviciado regular, como ficou estabelecido agora, oferecem maior garantia moral de bom êxito”.
Hoje, celebrando o Dia Mundial da Vida Religiosa Consagrada, revisitamos a motivação inicial do nosso Fundador, São João Batista Scalabrini, que desejou dar estabilidade e fecundidade apostólica à Congregação.
A Regra de Vida dos Missionários Scalabrinianos afirma que com os votos religiosos cada missionário pode ser mais em nome de Jesus: “Com os votos religiosos fazemos uma escolha evangélica para viver plenamente como Cristo viveu. Enquanto nos desapegam dos bens terrenos, eles nos tornam disponíveis à nossa missão e nos permitem contatos humanos mais profundos, em que a pobreza se revela como riqueza, a castidade se transforma em fecundidade espiritual, e a obediência se torna serviço aos irmãos no amor de Cristo” (RdV, 11).
A vida religiosa consagrada é uma forma de vida, e certamente é a forma mais radical do amor, uma vez que exige a entrega completa do ser humano. O mundo precisa de pessoas consagradas que sejam sinais da vida em abundância que brota do Evangelho. O convite para a vida religiosa consagrada segue aberto para todos, pois certamente, como o coração de Scalabrini, muitos jovens também hoje sonham em entregar a sua vida na radicalidade para ser mais e para amar mais em nome de Jesus.
Que todos os consagrados, neste dia e sempre, alcancem coragem e muita fé Naquele que chamou e prometeu estar sempre presente, o nosso Senhor Jesus. Que o coração consagrado de São João Batista Scalabrini anime a todos.