Somos frutos de um tempo que está exigindo muito de nós. Fazemos parte de uma sociedade que a todo momento impõe regras e padrões, quem não segue acaba ficando de fora. Existe um estilo de roupas a seguir, um ritmo de músicas para curtir, relacionamentos que não são duráveis, e inclusive a espiritualidade tem de ser moldada em um arquétipo. É preocupante ver o número de pessoas, principalmente jovens, que estão enfrentando a depressão e a ansiedade.
Contudo, o plano de seguimento a Jesus pede que deixemos de lado todos esses fatos, são superficiais, não enriquecem nossa alma e nosso espírito de coisas boas. Mas sem esquecer os que mais necessitam. E o quanto nossos jovens estão pedindo nossa ajuda e não somos capazes de perceber.
Um grande desafio se mostra em nossas comunidades de fé: cada dia que passa percebemos que os fiéis mais participativos estão envelhecendo, e onde está a juventude de nossa Igreja, qual é o espaço de acolhida que estamos oferecendo a esses jovens? Na JMJ de Portugal, o Papa Francisco respondeu a este questionamento: “na Igreja há lugar para todos”. E somos convidados a ajudar esses nossos irmãos jovens a entenderem qual é o seu papel e qual é a sua missão dentro da Igreja de Jesus Cristo.
A Juventude Scalabriniana (Juves) desempenha um importante papel dentro dos planos de Jesus, que consiste em testemunhar ao mundo como é possível ser missionário junto aos migrantes, ser feliz, ser alegre e, somado a isso, transmitir a alegria de ser um jovem cristão. Muitos no começo se perguntam “o que é Juves?”, e quando terminam a missão então juntos cantando “Ah! Como eu queria, Missão Juves todo dia!”. Vejo a Missão da Juves junto aos Migrantes como uma verdadeira graça de Deus. É o sair de si mesmo para ir ao encontro do outro. É no encontro que estabelecemos uma relação de diálogo, é um doar-se e receber do outro, seja um olhar, um sorriso, um aperto de mão. É enxergar o rosto de Cristo no rosto dos que mais sofrem. O nosso objetivo é proporcionar aos jovens uma nova perspectiva de vida daquela oferecida pelo mundo e pela sociedade em que vivemos. É mostrar que os nossos irmãos migrantes e refugiados necessitam de nossa ajuda, é construir juntos uma nova pátria sem distinção de país.
A Juves-SP mudou seu formato de encontro no ano de 2014, desde lá foram 8 missões presenciais e dois encontros de modo remoto, todas elas com frutos que duram até hoje: jovens que ao se sentirem tocados, colocaram seus dons a serviço, seja no âmbito vocacional, como também em sentido profissional nas mais diversas áreas. Porém, a história da Juves-SP começou em 1994, por iniciativa de alguns padres scalabrinianos. Os encontros aconteciam em apenas um dia, muitos jovens daquela época (que hoje estão mais experientes, todos ainda somos jovens), hoje compõe o grupo do Movimento Leigo Scalabriniano, outros estão seguindo sua vocação ao Sacerdócio ou à Vida Consagrada, e outros são verdadeiros exemplos de Família e de seguimento a Jesus Cristo. Por isso vemos que na Juves-SP temos espaço para todos os jovens, sejam em idade como em espírito. Pois a Juves não é apenas mais um movimento juvenil da Congregação Scalabriniana ou da Igreja, é mais que isso, é um Jeito de Ser.
Por: Rel. Gabriel Rodrigues Miranda