Padres que acolheram Scalabrini em 1904 (Parte IV): Pe. Francesco Brescianini - (1856-1929)

Por ocasião dos 120 anos da visita do Santo Fundador, Dom João Batista Scalabrini ao Brasil, hoje vamos conhecer um missionário Scalabriniano que fez parte do grupo de pioneiros ao Brasil, em particular ao Paraná. Em 1904, quando Dom Scalabrini visitou as missões, eram apenas dois sacerdotes neste Estado. O Pe. Francesco Brescianini recebeu com carinho o Fundador em Santa Felicidade, junto com o Pe. Natale Pigato. Dom Scalabrini partiu feliz do Paraná, onde os scalabrinianos fizeram e fazem um excelente trabalho com os imigrantes.

Pe. Francesco Brescianini nasceu em Palazzolo sull'Oglio (Brescia) em 10 dezembro de 1856. Faz parte das vocações adultas que procurou formação no Instituto de Mons. Mander, que depois passou à Congregação dos Missionários de São Carlos, e foi ordenado sacerdote em 1893.

Foi destinado ao Brasil e chegou com o seu colega de seminário Pe. Faustino Consoni, a 16 de julho de 1895 a Curitiba. Aqui o pioneiro scalabriniano, Pe. Colbachini, residiu em 1889 e com a comunidade conseguiu construir a Igreja. Em 1893, porém, Pe. Colbachini retornou à Itália, ficando em seu lugar o padre diocesano italiano, Pe. Francesco Bonato até a chegada dos dois missionários scalabrinianos.

A Capelania Italiana de Santa Felicidade foi instalada oficialmente em 1° de novembro de 1895, abrangia as seguintes colônias: Santa Felicidade, Água Verde, Umbará, Campo Comprido, Antônio Rebouças, Gabriela, Pilarzinho, Santa Maria do Novo Tyrol, Zacarias, Murici, Rondinha, Ferraria, Campina e Rio Verde.

Antes de completar dois anos de missão, em 1897, o Pe. Consoni foi nomeado diretor do Orfanato em São Paulo, chegando no seu lugar o Pe. Natale Pigato, também antigo companheiro de seminário do Pe. Brescianini.

O Pe. Brescianini concordou com o desejo do bispo de estabelecer duas residências, uma em Santa Felicidade e outra em Água Verde, onde os italianos da capital iam para receber os sacramentos; mas praticamente os dois missionários viviam juntos.

O bispo também recomendou que o Dom Scalabrini solicitasse pelo menos três freiras para a educação da juventude feminina. O Pe. Brescianini pensou imediatamente em fundar um convento e uma escola na igreja de Santa Felicidade; no entanto, a construção só pôde começar em 1899 e foi concluída em 1900, com a habitual e generosa ajuda do povo. Em novembro do mesmo ano, as primeiras quatro Apóstolas do Sagrado Coração chegaram e abriram sua primeira casa no Brasil.

Embora não tenha permanecido por muitos anos, o Pe. Francesco Brescianini deixou a sua marca em Santa Felicidade. Construiu a capela do cemitério, começou e concluiu a torre do campanário da igreja. Também se empenhou na construção de 11 quilômetros de estradas que liga Santa Felicidade a Curitiba. Também se deve à sua iniciativa a construção das igrejas de Rondinha e Ferraria, Gabriela e Pilarzinho.

A carta do Pe. Consoni oferece uma ideia do trabalho realizado pelos sacerdotes e em especial pelo Pe. Brascianini: “Pe. Francesco Brescianini esteve dois dias em Campo Comprido para celebrar casamentos e instruir às pessoas e de lá, ontem à noite, foi chamado com urgência, a uma distância de 20 quilômetros, aonde chegou à meia-noite para assistir um idoso que, não conhecendo a língua brasileira, queria um padre italiano que teve o consolo de ser confessado pelo Pe. Brescianini. Ele chegou a Santa Felicidade esta manhã, por volta do meio-dia, sem ter podido descansar a noite toda”.

Em 1904, quando Scalabrini visitou o Paraná, o Pe. Brescianini com o seu colega, o Pe. Natale Pigato, acolheram o Fundador em Santa Felicidade. Eis o que Dom Scalabrini refere numa carta ao Papa Pio X: “Hospedei-me junto aos meus Missionários em Santa Felicidade. Esta é a colônia modelo: a mais organizada de todo o Brasil. Os missionários a estão acompanhando desde o nascimento e, como foi assistida permanentemente, mantém-se cristã, católica e fervorosa. Ontem distribui a comunhão a um número muito grande de pessoas. Estende-se para o interior mais ou menos 20 milhas. Os bons sacerdotes estão em movimento contínuo não só pelas colônias, mas fazendo as missões por todo o Estado”.

Pe. Brescianini pode ser considerado como um dos primeiros promotores vocacionais, tanto para os Scalabrinianos e para outras congregações, assim quanto para as religiosas. Muitos que chegaram à vida consagrada iniciaram com as motivações do Pe. Brescianini.

O Pe. Brescianini retornou para a Itália em 1906 para cuidar da saúde, então foi nomeado ecônomo da Casa Mãe. Retornou ao Brasil, e foi pároco da Paróquia São Sebastião de Rondinha. Em 1913 foi nomeado reitor da Escola Apostólica de Crespano del Grappa, onde permaneceu até o dia da sua morte, o que ocorreu em julho de 1929. Em Crespano era muito estimado e venerado pelos sacerdotes das cidades vizinhas. Era um confessor e diretor espiritual muito procurado.


Pe. Francesco Brescianini, missionário no Paraná.

 

Igreja de Santa Felicidade, onde o Pe. Francesco Brescianini e o Pe. Nalatele Pigato acolheram Dom Scalabrini em 1904.


Texto: Oscar Maldonado

Fotos: Acervo Regional - RNSMM

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