Por ocasião dos 120 anos da visita do Santo Fundador, Dom João Batista Scalabrini ao Brasil, conheceremos um sacerdote Scalabriniano considerado o segundo fundador moral, espiritual e operativo dos missionários e missionárias scalabrinianos, Padre Massimo Rinaldi. Este religioso, com uma história riquíssima, recebeu com alegria o Fundador na cidade de Encantado. O bispo, além de inaugurar a Igreja São Pedro Apóstolo, em 20 de setembro de 1904, crismou e atendeu os migrantes durante 10 dias nesta cidade gaúcha.
Massimo Rinaldi nasceu na cidade italiana de Rieti, em 24 de setembro de 1869, sendo o terceiro de quatro filhos, ficou órfão de mãe muito cedo, tinha apenas quatro anos de idade. Começou seu caminho vocacional no seminário de Rieti, na escola do teólogo Luigi Flavoni e do tio paterno, Pe. Domenico Rinaldi. Consagrado sacerdote no dia 16 de julho de 1893, fez a primeira experiência pastoral nas paróquias de Ornaro e de Greccio. De 1897 a 1900 foi secretário e administrador do seu tio, Dom Domenico Rinaldi, que se tornou bispo de Montefiascone. O seu serviço, embora burocrático, era bom, mesmo assim, o Pe. Rinaldi sonhava com desenvolver a missionariedade.
Conheceu, então, a Obra dos Missionários de São Carlos para os emigrantes italianos nas Américas, fundada por São João Batista Scalabrini. Compreendeu que seria a Congregação ideal para procurar viver plenamente a sua vocação. Com o pesar do seu tio bispo, abandonou a cúria episcopal de Montefiascone, e procurou Dom Scalabrini. Após um mês de permanência em Piacenza, em 05 de novembro de 1900, embarcou de Gênova para o Brasil como Scalabriniano.
Chegou a Porto Alegre, depois seguiu de barco pelo rio Taquari e, por último, a cavalo até chegar a Encantando, no dia 20 de dezembro. Esta pequena cidade gaúcha será fundamental para desenvolver a sua pastoralidade missionária. A missão scalabriniana de Encantado, naquela época, compreendia uma grande região de colônias de imigrantes italianos, que o Pe. Rinaldi visitava com frequência, a pé ou a cavalo, chegando até Nova Bassano, Anta Gorda, Itapuca, Burro Feio e nascentes do rio Jacaré.
Depois de Encantado o Pe. Rinaldi foi enviado para Nova Bassano para auxiliar o Pe. Antonio Serraglia, que após a morte do Pe. Colbachini, em 1901, ficou só para atender um território tão extenso.
Em 1904, o Pe. Rinaldi se encontra novamente em Encantado, quando Dom João Batista Scalabrini visitou o Rio Grande do Sul. Nessa ocasião o Pe. Rinaldi foi nomeado Superior Provincial, uma vez que o atual provincial, Pe. Domenico Vicentini, deixou o Brasil e acompanhou Dom Scalabrini para a Itália.
Como Superior Provincial, o Pe. Rinaldi, acompanhou os primeiros passos da Congregação no Rio Grande do Sul e o que não faltaram nunca foram os excessivos trabalhos que a pastoral exigia e que a falta de missionários tornava ainda mais dramática.
Em 1910, o Pe. Rinaldi, retornou à Itália, em condição de Superior provincial, para participar do Capítulo geral da Congregação. Na ocasião foi eleito, com unanimidade de votos, procurador e ecônomo geral. Realizou o trabalhou com a mesma dedicação e entrega, permanecendo neste serviço até 1924. Também exerceu o cargo de vigário geral. Construiu a casa generalícia dos scalabrinianos na Via Calandrelli.
Em 1925 foi nomeou bispo de Rieti, pelo Papa Pio XI, cargo que procurou recusar com veemência, argumentando ser um pobre sacerdote com sonhos missionários. No entanto, o Papa sugeriu que continuasse sendo missionário, mas agora como bispo em Rieti. Assim, foi consagrado na Catedral basílica de Rieti, em 19 de março de 1925, pelo Cardeal Raffaele Merry del Val.
Dom Massimo Rinaldi continuou alimentando, depois, uma saudável comunicação com os scalabrinianos sobre a situação do Instituto, do qual se sentia ainda membro efetivo. Foi reconhecido como o segundo fundador moral, espiritual e operativo dos missionários e missionárias scalabrinianos, Dom Rinaldi tinha compreendido e amado tanto em profundidade o carisma e a finalidade desejados pelo fundador João Batista Scalabrini, ao ponto de tornar-se o mais convicto continuador.
Dom Massimo Rinaldi faleceu em Roma em 31 de maio de 1941. O Cardeal Raffaello Carlo Rossi endereçou aos scalabrinianos, dos quais era superior geral, uma carta para comemorar o bispo Rinaldi, na qual declarava: “Hoje, ao aproximar-se o trigésimo dia do seu falecimento, eu entendo somente recordar-vos o venerado e ilustre coirmão que, como o Senhor Jesus, quis passar fazendo o bem”.
A sua fama de santidade logo se espalhou, expressada em seus gestos de simplicidade, delicadeza e de amor aos migrantes. Em 19 de dezembro de 2005 foi declarado venerável, permanecendo em curso a causa da sua beatificação. Pode-se afirmar que o Pe. Massimo Rinaldi foi um verdadeiro e santo missionário, que dedicou uma parte importante da sua vida aos imigrantes italianos do Rio Grande do Sul, onde a sua memória, após tantos anos, permanece viva.
Pe. Massimo Rinaldi
Foto icônica: O mordomo Carlo, Pe. Massimo Rinaldi, São Scalabrini, Pe. Marco Simoni e Pe. Antonio Serraglia (Rio Grande do Sul)
Texto: Oscar Maldonado
Fotos: Acervo Regional - RNSMM