Por ocasião dos 120 anos da visita do Santo Fundador, Dom João Batista Scalabrini ao Brasil, conheceremos um missionário Scalabriniano, que 80 anos após a sua morte, ainda é lembrado no Rio Grande do Sul, o Padre Antonio Serraglia. Este religioso recebeu com alegria o Fundador na cidade de Nova Bassano, em 1904. O bispo permaneceu por alguns dias com a comunidade, animando-a, celebrado sacramentos e sendo uma presença cheia de esperança da Igreja entre os imigrantes.
Pe. Antonio nasceu na Itália, Seren del Grappa, a 15 de maio de 1871. Começou os estudos no seminário de Feltre, depois continuou no Instituto Mander de Onè di Fonte, e o próprio Dom Mander o recomendou a Dom Scalabrini, que o acolheu no Instituto Cristóvão Colombo de Piacenza, iniciando a sua pertença à Congregação fundada por Dom Scalabrini.
O próprio Fundador, Dom Scalabrini, acolheu a sua Profissão Perpetua em 08 de dezembro de 1894. No ano seguinte, foi ordenado sacerdote, em Piacenza. A sua destinação missionária foi o Brasil.
Partiu da Itália, como tantos imigrantes, no navio a vapor, desembarcando no Rio Grande do Sul, em outubro de 1896 com o Pe. Pietro Colbachini. O próprio Pe. Colbachini solicitou a sua companhia em Nova Bassano, para que o ajudasse no desafiante trabalho com os imigrantes no Rio Grande do Sul. Os dois missionários fizeram um trabalho extenuante durante vários anos, alimentando a fé de milhares de imigrantes italianos na região. Em janeiro de 1901 faleceu o Pe. Colbacchini, sendo as suas últimas palavras dirigidas ao Pe. Antonio, deixando uma mensagem para os seus filhos imigrantes: “diga a eles para que sempre tenham coragem na vida”.
Pe. Serraglia tomou o legado do Pe. Colbacchini, assumiu a direção de Nova Bassano e das comunidades que foram criadas por ele. Tratava-se de um trabalho imenso. Em 1904, quando Dom Scalabrini visitou o Rio Grande do Sul, foi acolhido pelo Pe. Serraglia em Nova Bassano. O Santo Fundador escreveu se referindo a Nova Bassano: “também é uma missão vasta. Tem 30 núcleos coloniais, cada um com sua própria igreja, visitados a partir do centro. Alguns estão a um dia a cavalo”.
Em 1907, Pe. Antonio foi chamado para ajudar na Itália, assumindo a direção da Casa Mãe. Permaneceu pouco tempo, pois a urgência missionária o convocava a retornar ao Brasil. Foi destinado esta vez a Protásio Alves, significando esta destinação providencial, pois trouxe de volta a paz e a concórdia entre os fiéis, que enfrentavam uma crise que se arrastava. Conseguiu recuperar a comunidade, inclusive com o retorno dos mais “rebeldes” e conseguiu despertar o entusiasmo que facilitou o empenho dos fiéis para trabalharem juntos, abrindo estradas, construindo igrejas e outras obras de assistência: o pequeno “núcleo rebelde” tornou-se, assim, uma grande paróquia.
Pe. Antonio Serraglia foi pároco de Protásio Alves por 38 anos, ou seja, nesta comunidade passou a maior parte da sua vida missionária. Construiu com a comunidade a igreja e as capelas, a escola, estradas e outros centros em vista da comunidade. Foi para os seus paroquianos sacerdote, tabelião, carteiro: tudo. Em todos os lugares deixou organizações religiosas para os fiéis. Como dizem os que os conheceram: “fez um mundo de bem”.
Faleceu em 22 de maio de 1944, causando verdadeira consternação em toda a comunidade que ajudou a formar, deixou um legado de bons exemplos como um verdadeiro apóstolo.
No memorial impresso, por ocasião da sua morte, seus fiéis escreveram: “Pe. Antonio foi a alma e a cabeça de todos os movimentos espirituais e materiais nesta região para os seus amados colonos. Ele se fez amar, obedecer, respeitar e admirar pelo seu povo, pelas autoridades civis e eclesiásticas por sua bondade e simplicidade”.
80 anos após a morte do Pe. Antonio Serraglia, a comunidade de Protásio Alves, ainda se lembra do seu amado pastor. Em 2020 foi entregue à comunidade uma escultura do artista italiano Beppino Lorenzet em memória desse missionário scalabriniano, pai espiritual de Protásio Alves.
Pe. Antonio Serraglia (no centro), na frente da Matriz de Protásio Alves.
Escultura em memória do Pe. Antonio Serraglia - Do escultor italiano Beppino Lorenzet.
Texto: Oscar Maldonado
Fotos: Acervo Regional - RNSMM